Em entrevista coletiva a estudantes de comunicação do 7º Curso Descobrir São Paulo, Descobrir-se Repórter – projeto da Oboré –,na Câmara Municipal, o jornalista e blogueiro do portal do jornal O Estado de S.Paulo, Bruno Paes Manso, comentou sobre a cobertura de segurança pública da mídia brasileira.
Segundo Bruno Manso, alguns programas da mídia brasileira que fazem cobertura policial, como o Cidade Alerta, apresentado por Marcelo Resende; e Brasil Urgente, por José Luiz Datena; não são jornalísticos, apenas “entretêm” o público. “Acho que esses programas são programas de entretenimento e não são programas de jornalismo”, afirma.
Manso compara os programas às execuções de penas de mortes realizadas em praça pública na Idade Média, as quais eram assistidas por toda a população quase como um “entretenimento” e utilizadas para se fazer justiça. “O Datena e o Marcelo Resende fazem um pouco isso. O Brasil é um país sem justiça, onde as pessoas sentem falta de punição, elas querem um bode expiatório, querem se sentir seguras, elas precisam disso. E eles fazem o papel do palhaço, que é o carrasco que vai enforcar as pessoas. De certa forma, simbolizam isso. Assim como outros programas sensacionalistas que lidam com essa questão a partir do medo que as pessoas sentem e a partir do papel de carrasco que eles fazem pra lidar com isso e representar o justiceiro da sociedade. Isso é entretenimento para mim, isso não é jornalismo”, justifica.
Para Bruno Paes Manso, os jornalistas que cobrem segurança pública devem saber compreender o discurso das fontes e olhar o fato não de forma isolada, mas contextualizá-lo para tentar entendê-lo. “Você [precisa] se colocar no lugar da pessoa que está te contando e tentar entender o que ela está te falando, o que está sentindo, as razões dela”, diz. “Claro que eu não vou concordar com o cara que matou trinta pessoas, mas é necessário entender a racionalidade e o discurso”, completa.
A boa cobertura jornalística de segurança pública, de acordo com Bruno Manso, é aquela que busca, após ter o contato com as fontes, se distanciar do fato e olhar por “cima” para enxergar o contexto e tentar entender todos os fatores. “Você se afasta e tenta entender os conflitos que estão em jogo. Você tenta descrever o fato de uma forma mais objetiva para falar sobre os conflitos. Por que esses conflitos estão acontecendo? Por que ele está matando? Por que a justiça não está agindo? Você vê de cima a coisa”, explica.
No portal do Estadão, Bruno Manso publica no blog “SP no Divã” textos sobre segurança pública. De acordo com Manso, o objetivo do blog é fazer as pessoas enxergarem e pensar a respeito dos problemas da cidade para tentar resolvê-los. “Quando você procura um psiquiatra ou analista, você está com problemas, quer pensar sobre sua vida. Então, você senta lá e quer começar uma investigação sobre os seus ‘podres’”. Desta forma, “é possível encará-los de uma maneira diferente”, comenta.
Por Wellington Monteiro
Perfil do Autor
Wellington Monteiro, 21 anos, cursa Comunicação Social – Jornalismo pela Universidade Anhembi Morumbi. Atualmente, faz estágio na área de Assessoria de Comunicação. Acredita que a profissão de jornalista pode melhorar a sociedade e promover a igualdade entre as pessoas.