Já é hora do fechamento, por isso repórteres e editores estão na maior correria na redação. Falta matéria, sobra notícia, põe foto, troca foto, diminui manchete, muda fonte, tudo para concluir o melhor jornal possível. Mesmo com o deadline batendo na porta, Carlos ainda não concluiu sua matéria sobre celebridades. Uma editoria que ele claramente odeia, mas que continua fazendo para pagar as contas.
O assunto dessa edição é um certo humorista que tem feito muito sucesso nos últimos tempos. Carlos está fazendo uma crítica ao trabalho do cara. Logo Carlos que mal consegue fazer uma criança rir. Enfim, agora ele está vasculhando o twitter do humorista na tentativa de encontrar alguma “bomba” que possa adiantar em sua matéria.
Carlos dá sorte. Um dos maiores comediantes do país está tendo uma discussão com um colega de trabalho, adivinha por onde? Sim, pelo twitter. Carlos ajoelha e agradece (nem sabe muito bem a quem) e volta para terminar seu texto. O repórter começa a ler todos os tweets em que a dupla aparece discutindo e seleciona alguns para comentar.
A briga entre os comediantes parece ser bem feia, a julgar pelas ofensas pessoais disparadas. Já são quase sete horas da noite, mas Carlos consegue terminar sua coluna a tempo. Hoje, o repórter está orgulhoso, porque, embora não goste do que faz, o texto ficou incrível e a história vai render. Carlos vai para casa e dorme triunfante.
Está feliz porque amanhã todo mundo vai usar o jornal como referência para comentar a discussão dos famosos. Mal sabe ele, coitado, que as redes sociais não são lá muito confiáveis e, em se tratando de perfil de humoristas, devem ser menos ainda. Amanhã Carlos levará uma bela de uma bronca, já que a dupla de comediante acabou de postar no twitter que tudo não passou de uma brincadeira proposital.
Será que era para pegar jornalista preguiçoso que baseia suas matérias em redes sociais?
Por Andreza Galiego.
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Perfil de Andreza Galiego
Andreza Galiego é estudante de Jornalismo e estagiou na Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Andradina, cidade onde mora. Aos 20 e poucos anos, terminando a faculdade, ainda vê a profissão como um meio de mudar o mundo, o próprio e o dos outros. Tem mania de discordar e gosta de pessoas estranhas. Estuda todo tipo de assunto que consegue no período em que está acordada, mas na maioria das vezes faz tudo dormindo mesmo. Escreve também no blog Jornalista sem Pauta. Achou incrível o convite para escrever no Casa das Focas e espera contribuir para o “descobrimento do jornalismo”.
Adorei!