É interessante notar como muitos dos meus colegas que cursaram jornalismo ou ainda cursam, acabaram se apaixonando pelo livro “O Príncipe”, principal obra de ciência política escrita pelo poeta Nicolau Maquiavel.
Existem várias citações de Maquiavel que se aplicam nos dias de hoje como uma luva de couro que nos protege nos dias mais frios do ano ou mesmo como um calçado confortável para ser usado em diversos momentos e situações.
Proteger-se em diversos momentos e situações: está aí a questão. Nicolau Maquiavel e suas frases emblemáticas, entre elas, “em política, os aliados de hoje são os inimigos de amanhã”, nos mostram como o mapa político de hoje – tratando-se apenas de Brasil – já deu suas reviravoltas.
Vamos exemplificar usando esta citação e aplicando-a em um contexto do cenário político atual: observamos que o PSB, então partido aliado do PT junto com o PMDB, desvinculou-se por definitivo – ou parcial – dos “trabalhadores” para lançar sua candidatura própria para o governo do país (sendo Eduardo Campos o candidato).
Mas, é claro, como tudo tem suas melhorias, existem os lados que podem aparecer em baixa. “Os homens mudam de governantes com grande facilidade, esperando sempre uma melhoria. Essa esperança os leva a se levantar em armas contra os atuais. E isto é um engano, pois a experiência demonstra mais tarde que a mudança foi para pior”, afirma Maquiavel em sua obra.
Assim também digo que nós, jornalistas, “tornamo-nos odiados tanto fazendo o bem como fazendo o mal”, pois, jogando com a imprensa, sabe-se – ou não – quando a batata vai assar no ponto e qual o momento de evitarmos as queimaduras.
Mas, como o próprio autor diz, “onde há uma vontade forte, não pode haver grandes dificuldades”. Então, devemos aplicar sempre, todos os dias e quando possível, a mudança, pois, “uma mudança deixa sempre patamares para uma nova mudança”.
E quando “um povo corrompido que atinge a liberdade tem maior dificuldade em mantê-la?” Há de se pensar nas manifestações realizadas no ano passado e que ainda repercutem. Quando há democracia, especialmente no jornalismo, não existe meio ou artimanha que venha parar nossas vozes ativas e nossos desejos infinitos pela notícia nua e crua, do jeito que ela é e deve ser vista pela sociedade.
Porém, às vezes, “para bem conhecer a natureza dos povos, é necessário ser príncipe, e para bem conhecer a dos príncipes, é necessário pertencer ao povo”, então, o jornalista do meio político ou cidadão, inserido na massa e trabalhando com a mesma, deve direcionar sua atenção a ela e desdobrar os casos que a assolam para, depois, chegar aos mais poderosos e questioná-los. Claro, mantendo a ética e a compostura, sabendo respeitar o tempo de resposta do seu entrevistado, neste caso, o governante.
“Quando um homem é bom amigo, também tem amigos bons”, podemos traduzir mais esta reflexiva mensagem de Maquiavel para o contexto jornalístico: quando o jornalista é bom amigo, tenderá a ter as melhores fontes.
Há também um dos entraves mais comuns do nosso dia a dia: o “sistema”, que, por muitas vezes, pouco nos permite intervir nas causas naturais, sendo que, em alguns casos, o jornalismo cidadão tem o poder de atravessar o curso das águas, aplicando o método da visibilidade e divulgação em rede nacional ou internacional do problema ou caso a ser resolvido. Mas, todos tem a ciência de “como é perigoso libertar um povo que prefere a escravidão!”.
Enfim, na nossa profissão, “toda a ação é designada em termos do fim que procura atingir”, com responsabilidade e veracidade dos fatos, apurados à partir de pesquisas e checagem de informações.
Por Leandro Massoni.
Perfil de Leandro Massoni
Leandro Massoni é graduado em Comunicação Social – Jornalismo pela Universidade Paulista – Unip, desde 2012. Sua primeira experiência na área foi como estagiário de produção da Revista Eletrônica Domingo Espetacular, da Rede Record. Atualmente, é jornalista e repórter da Gaudium Press, agência de notícias católicas, e estuda locução pela Radioficina.