Durante um evento voltado aos profissionais de comunicação, no qual a Casa dos Focas foi gentilmente convidada, conhecemos pessoalmente Eduardo Barão, uma pessoa que nos acompanha toda manhã no caminho do trabalho (através da rádio BandNews FM). Talvez seja egoísmo meu dizer isso, mas creio que a linguagem mais pessoal utilizada no rádio me permita essa ousadia.
O encontro com ele foi de uma forma muito diferente do comum. Na ocasião, ele estava “tietando” o jornalista Ernesto Paglia da TV Globo, (qual o problema, jornalistas também tem seus ídolos, rs). Após o “selfie” com o global, me apresentei um tanto tímido e pedi uma entrevista (com ambos, mas a do Ernesto ficará para um outro post). Como não tínhamos muito tempo, marcamos para alguns dias depois na própria emissora de rádio.
No dia combinado, após a apresentação da manhã, Barão, mesmo atarefado, atendeu o nosso pedido. Gostaríamos de ressaltar que vimos nele um jornalista de verdade, que não se esconde por trás do “pseudo” glamour da profissão, ou mesmo de seu sucesso.
Dividindo o microfone todas as manhãs com Ricardo Boechat e Tatiana Vasconcelos, Eduardo Barão é o único jornalista, dos que atualmente trabalham na BandNews FM, que acompanhou o projeto desta emissora de notícias desde o seu início. Acompanhe abaixo essa entrevista na íntegra:
Casa dos Focas – Como foi seu início no jornalismo? Por que você optou pelo jornalismo?
Eduardo Barão – Eu sempre gostei de rádio. Meu sonho desde pequeno foi trabalhar em rádio. Eu comecei trabalhando muito cedo, com 17 anos, como revisor de texto na Gazeta do Ipiranga, que é um jornal lá do bairro do Ipiranga. Depois pintou uma oportunidade para ir para a Jovem Pan, e eu fui para lá trabalhar como rádio escuta, onde acompanhava a CNN, pois já falava inglês. Nove anos depois eu vim para cá (BandNews FM). Eu sempre quis trabalhar em rádio, o meu negócio sempre foi rádio.
CF – Mas desde o início a sua ideia era trabalhar em rádio? Fazer jornalismo em rádio ou ser apenas locutor?
Eduardo Barão – Fazer jornalismo em rádio. Eu sempre curti rádio, sempre ouvi rádio, desde criança, quando o meu pai me levava para a escola. Então o meu barato sempre foi esse. Eu fiz a faculdade de jornalismo na metodista de São Bernardo do Campo já pensando em trabalhar em rádio, fiz locução também.
CF – Como que é para você trabalhar na BandNews, no horário nobre da manhã e dividindo o microfone com o Boechat?
Eduardo Barão – Ah, é muito legal, eu curto muito. Eu sou apaixonado por rádio, sempre desejei fazer isso. Como eu te falei, eu estou fazendo 18 anos de rádio, então é o maior barato, eu achei muito legal. E acho que a BandNews é uma revolução. Eu trabalhei nove anos na Jovem Pan, tinha uma vida lá tranquila, e apostei nesse desafio de colocar a BandNews FM no ar, que no começo era um negócio diferente do que tinha até então, ainda tem, no rádio brasileiro. E eu acho que apostei certo, pois é algo que eu curto muito fazer. Curto fazer o horário da manhã com o Boechat, com a Tatiana, com a Sheila, enfim, todo mundo que está aqui, estou desde o começo da rádio, sou o único remanescente desde o começo da rádio, e acho o maior barato.
CF – Qual é a função do jornalismo na sociedade?
Eduardo Barão – É ajudar. Tentar ajudar da melhor forma possível, seja com uma mera informação de trânsito, seja com uma informação do aeroporto, seja com alguma coisa que vai trazer um impacto real na vida da pessoa. E aqui na rádio a gente tenta fazer isso de uma forma bem leve, a gente tenta dar a notícia sem ser aquela coisa burocrata como senhor da razão, como verdade absoluta, porque ninguém tem essa verdade. Então a gente tenta passar isso de uma forma muito leve, para que as pessoas que estão presas no congestionamento não fiquem de saco cheio de ouvir uma notícia.
CF – Quais os principais desafios que vocês já enfrentaram?
Eduardo Barão – No começo a rádio era diferente, e é difícil você entrar em um mercado em que as rádios que estão estabelecidas aqui em São Paulo, no Rio, onde a gente se colocou já existem há muitos anos, trinta anos por exemplo. No começo para atingir uma boa audiência não é das coisas mais simples, com o passar do tempo, as pessoas começam a entender o que você está querendo levar ao ar, no começo achavam que era uma loucura o que a gente fazia aqui, colocar um jornal a cada vinte minutos no ar, com uma linguagem nova, tentando pegar um público que não consome rádio, que não ouve rádio. A ideia desde o começo, quando a gente colocou o projeto no ar foi pegar um público que não ouvia rádio, que não estava acostumado com esse tipo de rádio de notícia, ouvia música, CD. E acho que tivemos êxito nisso, então o desafio ainda é esse, continuar cada vez mais pegando esse tipo de público que não está acostumado a ouvir rádio de notícia, e também, eventualmente quem está acostumado a ouvir rádio de notícia, mas que gosta da linguagem que a gente leva ao ar aqui.
CF – Qual a qualidade que todo jornalista deve ter?
Eduardo Barão – Eu acho que tem que ser muito bem informado, ler tudo, falar línguas, precisa saber falar pelo menos inglês, “pelo menos inglês”. Precisa ser um cara versátil. Tem que saber falar, escrever, seja no ar, na televisão, no rádio, tem que saber fazer tudo, tem que ler muito, tem que falar línguas e estar disposto a encarar o que vier, não ter nenhum tipo de receio do que vier pela frente. Eu durante muito tempo fiz trânsito, fiz enchente, enfim, não tem que ter medo. Tem que ser um cara que encare qualquer coisa.
CF – Que conselho você dá para nós estudantes?
Eduardo Barão – Primeira coisa que todo mundo me pergunta é: ‘como entrar no mercado de trabalho?’, eu respondo: ‘É entrar! Aceitar qualquer coisa’. Você não vai sentar na cadeira do Boechat, do Willian Bonner e apresentar o Jornal da Band ou o Jornal Nacional. Então a primeira oportunidade que aparecer, encare. Eu comecei como revisor de texto na Gazeta do Ipiranga e a partir daí as coisas acabaram se desenrolando, você acaba fazendo contato com outras pessoas, criando um círculo de amizade e as oportunidades acabam aparecendo. O mercado ainda precisa de bons jornalistas, de pessoas que tenham interesse, que se mostrem aptas, hoje a geração, que não é a minha, um pouco mais nova, tem essa ansiedade. O cara quer chegar e já falar no microfone. Eu demorei dois, três anos para falar a primeira palavra no microfone, ou seja, não é algo tão instantâneo como a geração atual quer. E é o que eu te falei, ler muito, estudar muito, ler tudo, tenha um bom conhecimento geral, tenha língua, fale um bom inglês, isso é fundamental para que qualquer um tenha sucesso na carreira.
Por Emílio Portugal Coutinho