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Jornalista sonha de olho aberto

Diploma

Outro dia desses recebi um papel simples com meia dúzia de dizeres e um significado do tamanho do mundo.

Foram quatro anos de histórias. Histórias que aprendi, ouvi, contei, compartilhei. Quatro anos com milhares de momentos. Momentos em que sorri, chorei, passei nervoso, tive dificuldade, errei, aprendi, cresci, amadureci. Quatro anos de aprendizados. De técnicas, teorias, valores, culturas, humanismo. Quatro anos de lições, trabalhos, projetos e bancas. Quatro anos conhecendo pessoas. Pessoas, colegas, amores, amigos. Quatro anos de tantas coisas que eu precisaria de quatro horas/dias/meses ou mesmo mais quatro anos para poder escrever. Cada dia era um dia de acontecer algo diferente. Aprender alguma coisa. Com cada professor uma didática. Um aprendizado, uma técnica, uma teoria, um conselho, um apoio, um coleguismo que ia além das salas de aula.

Aprendi não só teorias e técnicas, mas também entendi que jornalista conta histórias. Não como os escritores baseados em ficção e imaginação. Jornalista conta história do dia a dia, história de seres humanos, histórias de vida. Como diria sabiamente Eliane Brum “o jornalismo está naquilo que ninguém vê”.

Muitos provavelmente acharão isso uma visão romancista da vida, do mundo. E realmente é. Mas o que seria do mundo sem amor? Sem a esperança de dias melhores? Sem querer ajudar ao próximo? Como seria o mundo sem diálogo? Sem conversas, sem olhos nos olhos? Como seria o mundo se as pessoas não falassem a verdade? Não se expressassem? Não dissessem o que sentem?

Eu respondo. O mundo seria um céu cinza, sem brilho, sem sol. Um mar monótono, sem ondas barulhentas que quebram na areia da praia. A rua seria vazia. Carente de pessoas, de momentos, de histórias, de vidas. É por isso que o jornalista existe. Para ver aquilo que ninguém está vendo (ou finge não enxergar), para contar as histórias daqueles que não tem voz, força ou oportunidade.

Jornalista conta, escreve, repassa aquela história com riqueza de detalhes, mas sem distorção dos fatos. Passa aquela verdade, aquela história, aquela vida. Jornalista toca, olha nos olhos, sorri, se emociona, conversa, fala, interage.

Acho que jornalista é mesmo um cara sonhador. Sonha com um mundo melhor. Porém, não sonha de olhos fechados, deitado na cama ou no sofá. Jornalista sonha de olho aberto, com caneta e papel debaixo do braço. Fazendo a cobertura de uma manifestação. Contando para o público como está a estrada ou o tempo. Perguntando aos políticos aquilo que o povo quer saber ou, quem sabe, transmitindo ao vivo o que se passa numa peça de teatro, um show ou jogo de futebol.

Então, o jornalista sonha em frente ao computador. Decupando as entrevistas, escrevendo sua matéria. Jornalista sonha pelo telefone, fazendo contatos, pedindo informações. Jornalista sonha na TV, no rádio, na web ou no impresso, contando histórias, apresentando vidas.

“Um sonho sonhado sozinho é um sonho. Um sonho sonhado junto é realidade”, como cantaria Raul Seixas e eu me atrevo a parafrasear essa citação trazendo isso para a realidade dos comunicadores de plantão. Uma história contada sem ter ninguém para ouvir é só uma história. Uma história contada para um jornalista ganha vida.

Como qualquer outra profissão, no mundo do jornalismo as dificuldades também existem, atrapalham, agoniam. Mas enquanto tiver uma história para ser contada, uma pessoa para ser escutada, um motivo para lutar, então o sonho de sonhar de olhos abertos continuará valendo a pena.

Por Regine Luise.

Perfil de Regine Luise

Regine Luise

Ama, doa, sonha, dramatiza, sorri, chora e escreve. Não necessariamente nessa ordem. Jornalista por profissão, poeta de coração. Prazer, Regine Luise.

Contato: [email protected]

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