Corrida espacial, pesquisas científicas ou desenvolvimento de novos produtos no espaço, fora da gravidade da Terra, eram apenas para quem possuísse grandes investimentos. Os lançamentos de satélites, estações ou astronautas só podiam ser suportados com grandes somas, geralmente, públicas. O Estado era o impulsionador da conquista do espaço. Os equipamentos eram tão caros que só podiam ser suportados pelas empresas multinacionais. Em determinado momento a corrida espacial se confundiu com a guerra fria, com a competição entre americanos e soviéticos. O lançamento do satélite Sputinik, em 1957, o voo de Yuri Gararin e a chegada do homem à lua são os exemplos mais conhecidos.
Agora as micro empresas chegam ao espaço. Há uma temporada de novas empresas, as start up. Hoje existem mil satélites circulando em órbitas baixas da Terra lançados por pequenas empresas. Alguns têm uns 10 centímetros cúbicos. São micro satélites fabricados por micro empresas. Impensável há dez anos. Contudo, isto está na lógica do sistema capitalista, que, sob pena de entrar em crise, tem que estar sempre em expansão. Agora ele se expande para o espaço. Estes nano satélites, pesam poucos quilos e são lançados por pequenas empresas de foguetes. Universidades também fazem seus próprios mini satélites financiados por doações através da internet, o crowdfunding. O empreendedorismo está também no espaço.
Os críticos do capitalismo constataram que havia no século 20 uma tendência a fusão de grandes conglomerados monopolistas que dominavam o mercado e impunham ao mesmo tempo um aumento da mais valia e uma alta de preços dos produtos. As start up derrubaram essa tese. Segundo a Economist, nos próximos 5 anos outros mil nano satélites vão ser lançados pelas micro empresas. É provável que na medida que elas crescerem sejam compradas por conglomerados ou se tornem um deles. Volta a tendência de aglutinamento. Essas iniciativas empreendedoras são possíveis graças a nano tecnologia, que permitiu uma diminuição drástica de peso e volume e aos equipamentos baratos usados nos atuais smart phones. Um nano satélite hoje custa 25 dólares é verdade que, por estar em órbita baixa, dura pouco. Mas por esse preço…
Por Heródoto Barbeiro
Perfil de Heródoto Barbeiro
Heródoto Barbeiro é jornalista, âncora do Jornal da Record News e do R7, diariamente as 21h. Ex-apresentador do Roda Vida da TV Cultura e do Jornal da CBN. Autor de vários livros na área de treinamento, história, jornalismo e budismo.