No livro “Jornalismo Investigativo: O fato por trás da notícia”, a professora e jornalista Cleofe Monteiro de Sequeira mostra como é a rotina dos repórteres nessa área e discute questões teóricas, rompendo a limitação nos conceitos de jornalismo investigativo.
A apuração no jornalismo investigativo
No jornalismo investigativo as pistas, por menores que sejam, podem nos levar a grandes notícias. A apuração é a chave da investigação, é na pergunta bem feita que as pistas possam surgir.
Segundo Cleofe as pequenas contradições dos fatos cotidianos são um caminho para começar a investigar.
Uma investigação sempre traz uma notícia inédita. A apuração é tão rigorosa que não existe outro caminho, o repórter vai descobrir uma notícia importante quando descobrir o que está procurando.
Quando o repórter está apurando na condição investigativa, deve existir um planejamento, tem que ter uma intimidade com o assunto. O repórter deve se preparar na sua proposta de pauta. Ele tem que ter um briefing do que vai apurar: ler, analisar e aprender mais sobre o assunto. Para entrevistar uma pessoa, o repórter deve ter certo grau de conhecimento sobre ela: o jornalismo investigativo tem esse pressuposto. O conhecimento prévio do fato para fazer a matéria.
Fontes a serem entrevistadas e material apurado
Além disso, o jornalista deve desenvolver um plano de ação e métodos durante a investigação que consiste em selecionar fontes, entrevistar as pessoas certas e uma fonte pré-selecionada. Especialistas sobre o tema que tenham estudos já produzidos. Saber o local onde vão buscar a informação. Saber onde vai buscar as fontes para comprovar a tese.
Métodos novos foram criados pelos repórteres do Watergate, que produziram muito material durante o processo. Os repórteres fizeram um arquivo, com pastas sobre os assuntos, que tinham documentos. Quando a matéria exigia um raciocínio mais amplo, era só consultar as fichas.
As matérias de jornalismo investigativo não são fáceis de serem produzidas, a apuração é excessiva e exaustiva. Não é uma apuração rápida, demanda tempo. Ele não é feito de um dia para o outro, exige um debruçar, persistência e paciência, já que o caso não vai ser descoberto logo de cara.
O cruzamento de informações é de grande importância segundo Cleofe, checar as informações para ver se elas são verdadeiras. Pegar a mesma informação e ver as diferenças, fazer um conflito com as informações. Isso é uma forma de suspeitar, um exercício que deve ser feito sempre pelo jornalista.
Informar sem se comprometer
Cleofe passa os conceitos de jornalismo investigativo de outros autores em seu livro. Vemos a construção de cada autor sobre o que eles entendem de jornalismo investigativo. Informar sem se comprometer é uma característica do jornalismo investigativo. Em geral, é difícil não ter um desvio de padrão durante as investigações. Depois da investigação, o repórter deve reavaliar todo o material, para encontrar outros enfoques e ondulações e pode nem usar grande parte daquilo que apurou.
É um tema que envolve assuntos complexos e deve ter reflexões. Como escrever? Estruturar o texto com começo, meio e fim, para não se perder em meio a tanto material. Há um planejamento para exprimir o que o repórter quer.
O texto jornalístico demanda leveza e ir direto ao fato
O conceito de noticiabilidade também está presente no livro. Para o autor, sâo fatos muito significativos que se transformam em notícias inéditas. Nesse sentido, esse fato tem alto grau de noticiabilidade. Procurar ver um assunto que gere controvérsias, que seja novo. É uma discussão teórica, além da notícia.
Outro tema que é tocado no livro é a solidão do repórter investigativo. A investigação vai demandar que o repórter investigue sozinho, que faça viagens, é um ato meio heroico. O contato com os colegas existe, mas esse tipo de jornalista exige mais dedicação e não existe outro caminho.
A concorrência com a TV existe no jornalismo impresso. Ela tem o encantamento da imagem. Os jornais tentam reduzir o texto informativo e trazer a imagem para o jornal, com tabelas, infográficos, relatórios… E diversos outros recursos que complementam a informação. Mas, por outro lado, não aprofunda e tira do leitor algumas informações.
Existe uma tendência nos dias atuais, a reportagem que vira livro. Já que existe muito material apurado, que muita vezes não é usado, o repórter pega o material excessivo e faz um livro.
Por Juliana Pires Curty.
Perfil de Juliana Pires Curty
Juliana Pires Curty é estudante de Comunicação Social/ Jornalismo na PUC-Rio. Atualmente no 5º período. Eterna bailarina, apaixonada por dança e pelas letras. Quando era criança tinha o Jornal JT com o primo. Hoje sonha em ser uma jornalista “de verdade”. Passou dois anos estudando relações internacionais. Faz estágio com assessoria de imprensa e tem o Blog da Ju, sobre jornalismo, cultura e entretenimento.