A internet marcou uma completa transformação no ato do fazer jornalístico. A área do jornalismo cultural não foi exceção, sendo uma das mais afetadas pela mídia digital.
Essa discussão foi o pontapé inicial para a palestra sobre jornalismo cultural da 22ª Semana do Jornalismo da Faculdade Cásper Líbero, que contou com a presença de Manuel da Costa Pinto, Heitor Ferraz, João Batista Medeiros e Beth Néspoli, os quais discutiram desde o jornalismo cultural na internet, até a falta de interesse dos brasileiros por temas relacionados à cultura.
Hoje em dia, é muito comum ouvir profissionais da área jornalística reclamando de como qualquer blogueiro ou usuário das redes sociais pensa exercer a mesma função de um jornalista profissional. A internet está saturada com textos de opinião, sites ou blogs com análises de teatro, filmes e livros. Porém, em meio a tantas resenhas, não se encontra quase nenhuma rica em conteúdo, que como um texto verdadeiramente jornalístico, apresenta um trabalho de entrevistas e pesquisa. Tendo em vista essa realidade, o jornalismo cultural na internet vive o que os palestrantes definiram como uma “carência de reportagem”.
Contrapondo-se a isso, no entanto, o colunista da Folha de S.Paulo, Manuel da Costa, ressaltou a dificuldade que se tem em fazer uma reportagem no ramo do jornalismo cultural, independentemente do meio de veiculação. Diferentemente de outras áreas, como a esportiva, não é toda hora que se tem uma reportagem. Segundo ele, o jornalismo cultural é marcado pela dicotomia de textos críticos, aliados a perfis e notícias, e o que realmente marca esse tipo de texto é a crítica.
O debate prosseguiu com um tom tanto pessimista. Falou-se de uma relativa desvalorização que a mídia cultural tem no Brasil, como foi apontado pelo jornalista Heitor Ferraz. Isso pode ser comprovado pela existência de apenas um canal dedicado à cultura na TV aberta, a própria TV Cultura. Já outros canais, da televisão a cabo, como o Arte 1, apresentam pouca verba devido à baixa audiência e, apesar de apresentarem boas matérias, acabam tendo que repetir muitas vezes o mesmo programa.
Na mídia impressa, o cenário se repete: a falta de público é evidente. Como exemplo, pode ser apresentada a Cult, única revista do gênero que não tem incentivo do Estado e ainda pode ser encontrada nas bancas. A Cult é um “milagre de sobrevivência” e, mesmo assim, só existe em razão dos cortes de custo realizados com o papel, a equipe e até mesmo com a editora.
Entre os obstáculos do meio do jornalismo cultural dos quais os repórteres precisam desviar, está a pequena abrangência dos assuntos do gênero, fazendo com que seja exigida grande criatividade editorial. Somado a isso, a cultura não é um assunto essencial para a sobrevivência do homem; fato que contribui para o desinteresse do público, como explicou Beth Néspoli.
Apesar de não ser uma necessidade na vida das pessoas, a cultura acrescenta muito a ela. Por isso, o jornalismo cultural é, sim, muito importante, ao contrário do que se parece acreditar. Mesmo com um excesso de textos na internet, ainda concluiu-se, no final da palestra, que realizar jornalismo cultural de qualidade é possível. Temas como cinema e música crescem bastante, a própria internet pode ser um bom meio de divulgar textos sobre o assunto. A função da cultura dentro do jornalismo é mostrar a importância de seus temas para o público, e incentivá-lo a apreciar artes como o teatro, literatura, cinema e outras.
Por Vivian Benjamin
Perfil da Autora
Meu nome é Vivian Benjamin, tenho 18 anos e estou quase acabando meu primeiro ano como estudante de jornalismo na Cásper Líbero. Meu sonho, a princípio, é trabalhar como jornalista esportiva; mas como meus interesses parecem estar sob constante mudança, nunca se sabe. Talvez opte pela área musical ou da cultura, na televisão ou rádio… Mas por enquanto, o esporte continua sendo meu objetivo, já que é, sem dúvidas, o que eu mais gosto praticar e assistir, desde que eu consigo me lembrar.