Por um motivo ainda desconhecido, o esporte sempre foi considerado um “território” dos homens. Não importa o quanto as ideias da sociedade progridam, sempre parece existir aquele indivíduo, homem ou até mesmo mulher que, ao ouvir um comentário sobre futebol, vindo de uma menina, faz uma observação do tipo, “nossa, até que você entende alguma coisa” ou “por que você liga para isso?”.
Esse preconceito contra as mulheres foi uma das questões que tomaram parte na discussão realizada durante a palestra sobre as mulheres no jornalismo esportivo, ocorrida na Faculdade Cásper Líbero, na noite do dia 3 de outubro. No debate estavam presentes a jornalista e também professora da faculdade, Tatiana Ferraz, e as jornalistas Camila Mattoso, Vanessa Ruiz e Silvia Garcia.
As palestrantes, todas familiarizadas com a área do esporte, compartilharam suas experiências como jornalistas esportivas, as quais nem sempre se tratavam de acontecimentos agradáveis. Foram recorrentes histórias sobre situações em que elas foram tratadas de maneira diferente, pelo simples fato de serem mulheres.
Assim como em outras profissões “dominadas” por homens, as mulheres têm que passar por situações em que não se sentem tão respeitadas quanto um profissional do sexo masculino, mesmo que sejam mais competentes. A discriminação, apesar de menor que em tempos passados, ainda existe; isso é evidenciado por toda situação em que uma mulher é tratada como “frágil demais”, chamada de “queridinha”, ou pior, quando deixa de receber uma tarefa para que um homem possa realizá-la.
Silvia Garcia, uma das primeiras mulheres a entrar para o jornalismo esportivo, contou que, em sua época, o preconceito e o machismo eram ainda mais evidentes e agressivos. Chegaram a oferecê-la dinheiro e joias; “vou me segurar para não citar nomes, porque todos eles são bem conhecidos, da mídia ou do setor em que trabalhavam”, disse ela. Também mencionou o quanto era constrangedor o assédio que sofria pelos jogadores de futebol, principalmente porque ainda era obrigada a encontrá-los novamente, afinal, fazia parte de seu trabalho. Foi então que a jornalista levantou a questão de como é complicado para a mulher reagir a essas situações de desrespeito, sem prejudicar sua carreira profissional. “Você faz cara de paisagem? Ou dá uma resposta e corta ele? Mas ai você não pode mais cobrir o cara. Você vai fechando portas ou se faz de cega, surda e muda?”.
Ao ouvir tantas histórias que confirmam as atitudes machistas do meio, algumas acabam desanimando. No entanto, “não fiquem desmotivadas” foi a mensagem de Vanessa Ruiz para as meninas que assistiram à palestra, e afirmou que existem pessoas nas redações que não tomam posturas machistas como aquelas que compartilharam. Segundo ela, o importante é pensar em ser uma boa jornalista, pois a competência é o elemento mais essencial em uma profissão.
Uma vantagem, por exemplo, lembrada pelas palestrantes foi em razão das mulheres serem minoria: são tão poucas, que ficam conhecidas mais facilmente. Os profissionais conhecem quase todas as mulheres que estão no mercado e até fica fácil se apresentar para as pessoas do meio.
Mesmo com tantos obstáculos, as mulheres se mostraram capazes de ganhar seu espaço como jornalistas esportivas. Cada vez se torna mais comum ver mulheres cobrindo, comentando e apresentando programas esportivos. O sucesso daquelas jornalistas, e de outras, prova que é possível ter êxito no jornalismo esportivo.
Por Vivian Benjamin
Perfil da Autora
Meu nome é Vivian Benjamin, tenho 18 anos e estou quase acabando meu primeiro ano como estudante de jornalismo na Cásper Líbero. Meu sonho, a princípio, é trabalhar como jornalista esportiva; mas como meus interesses parecem estar sob constante mudança, nunca se sabe. Talvez opte pela área musical ou da cultura, na televisão ou rádio… Mas por enquanto, o esporte continua sendo meu objetivo, já que é, sem dúvidas, o que eu mais gosto praticar e assistir, desde que eu consigo me lembrar.
Adorei o texto! Estou no 5° semestre e sou apaixonada por esportes. Depois de tantas evoluções, achei que a mulher no jornalismo esportivo nunca seria tão aceito como é hoje. Temos tantos exemplos de mulheres que seguiram essa área e são super respeitadas. Pretendo, também, seguir neste mesmo ramo e ser feliz com minha profissão!
Olá, Diana!
Tudo bem? Graças a Deus as coisas evoluíram, apesar do preconceito ainda existir em algumas áreas e empresas. Lhe desejamos muito sucesso na sua carreira!
Até mais!
Emílio Coutinho