Dizem que procrastinar é um dos defeitos do jornalista. Alguns colegas esperam até o último minuto restante para sentar e escrever. Pode ser que o texto flua com facilidade. Pode ser que não. Fato é que no início do mês eu concluí o Curso Abril de Jornalismo 2015 e ainda não sei se devo começar a falar do fim ou regressar diretamente a janeiro.
Popularmente conhecido como CAJ, o curso é um treinamento editorial espelhado e organizado pela Editora Abril. Neste ano, 48 jovens recém-formados (alguns terminando a graduação) foram selecionados para 45 dias intensos e insanos dentro da editora. Sim, é período integral. Sim, eu pensei que fosse possível conciliar trabalho, o curso e minha vida. Não, não é possível. A 32ª edição do CAJ aconteceu entre 26 de janeiro e 10 de março.
Apesar de ser do mundo das letras, trabalhei todo esse tempo com vídeo (VEJA.com) e nunca tive a oportunidade de ver uma revista nascer. Pensei em contar alguns pontos marcantes da minha experiência no Curso Abril neste texto e acredito ser essa a primeira: eu participei do nascimento de uma revista. Claro que me refiro a fazer parte do simples processo de fechamento de uma edição. Entretanto, o CAJ 2015, diferente dos anos anteriores, criou uma revista, a Elástica. Explico.
Pensando nos atuais dilemas pelos quais passa nossa profissão, o curso apostou nesses 48 profissionais, vindos de diferentes regiões do Brasil, a criação de uma revista e de um site com conteúdo atrativo, jovem e replicável. O portal não como um acessório da publicação, mas um caminho para se chegar às bancas. Afinal, não há como negar (e nem é necessário) que passamos a maior parte do nosso dia conectados, através dos mais variados dispositivos. A Elástica, então, nasce em meio à “crise do impresso” e o boom dos conteúdos virais. Ou seja, eu vi nascer uma revista pensada para o século XXI – e participei da correria maluca de um fechamento.
Começar um curso novo significa fazer novos contatos. Começar um curso integral, com duração de um mês e meio, significa fazer novos amigos. Algumas palestras, alguns workshops, algumas reuniões de pauta e você, gaúcho, já é companheiro de almoço, lanche e jantar do rondoniano que senta na mesa do outro lado da redação. Sem falar nos editores de diferentes segmentos, como Exame e ELLE Brasil, que se prontificaram a parir conosco o projeto.
Quando fiz a minha entrevista para o curso, lembro de ter falado que estava mais interessada no processo do que no que poderia dar tudo isso. É claro que a dificuldade do primeiro emprego, um monstrinho para muitos universitários, pode ser considerada um dos dilemas de que falei acima. E muitos desses 48 jovens estavam, e estão, em busca do trabalho dos sonhos. Não posso falar por todos, mas me surpreendi com o tal do “processo”. Tenho alguns amigos que já haviam feito outras edições do CAJ e esperava por muitas palestras e um trabalho final, que era uma revista já conhecida e que circulava na editora com as matérias dos cajianos. Neste ano, antes de criarmos a Elástica, fomos divididos em grupos e pensamos em mais de cinco revistas diferentes. Como se não bastasse o exercício intelectual, trabalhamos no layout, estudamos logo e apresentamos esses projetos. A Elástica tem os dedos de diversos designers, jornalistas, fotógrafos, videomakers, ilustradores, editores e até de uma roteirista de cinema.
Pode parecer muito para 45 dias, mas eu não contei nem 20 deles. Além das palestras, passamos um final de semana inteiro criando startups (Startup Weekend) e estagiamos nas redações da Editora Abril (eu, por exemplo, fui para ELLE).
O curso terminou há poucos dias. A festa de encerramento estava mais para uma segunda formatura. E o grupo do WhatsApp ainda não para de tocar. E, ao que tudo indica, não vai mais parar.
O que eu posso dizer é que, se você é recém-formado, vale a pena aguardar o calendário para o Curso Abril de Jornalismo 2016.
Por Milena Buarque
Perfil da Autora
Jornalista, escritora e blogueira. Colaboradora no FalaCultura e editora voluntária da Cruz Vermelha Brasileira (Filial Rio de Janeiro). Paulistana, formada em jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e apaixonada por todos os tipos de manifestações artísticas. Pedestrianista.
Olá. Fiquei muito interessada no curso, mas tenho algumas dúvidas. O curso é realizado em São Paulo certo? E eles pagaram alguma despesa?
Olá Tamara! Tudo bem? O curso é gratuito. A organização oferece alimentação no local e seguro-saúde para todos os alunos. Custos de transporte e moradia são de responsabilidade dos participantes. Até mais! Emílio Coutinho
Oi! O curso não existe mais?
Olá, Jaqueline! O curso ainda existe. Esse texto se refere a experiência de uma foca na edição de 2015. Até mais! Emílio Coutinho