Você já viu a cena: o apresentador chama ou pergunta algo ao repórter e o mesmo fica com aquele cara de paisagem por algum tempo para depois começar a falar. Estranho demais! Pior quando apresentador e repórter resolvem conversar. Aí é um show de horrores! Um fala por cima do outro, ou então um espera o outro falar e fica aquele momento de silêncio, de expectativa e a coisa só enrola cada vez mais. O nome desse problema técnico é “delay” (atraso, em português). Mas, isso não é culpa do cérebro do repórter (ou do apresentador).
Como o delay acontece
O problema de delay nas transmissões ao vivo é provocado por conta do tempo em que os sinais de áudio e vídeo demoram para chegarem ao seu destino. Geralmente, nesses casos, o equipamento usado pelo repórter entra em conexão com um satélite que recebe o sinal da emissora de TV e o repassa, provocando o atraso – é o mesmo sistema usado nos sinais de transmissão e recepção de telefones celulares. São três pontos distantes: a emissora (em São Paulo, por exemplo), o satélite (em órbita) e o caminhão link do repórter (em Porto Alegre, por exemplo). Além do atraso de ida, tem o atraso de volta, ou seja, o mesmo caminho inverso acontece quando o repórter responde ao apresentador.
Como resolver
Para evitar o delay, é preciso diminuir os pontos de repetição do sinal, por exemplo, com antenas altas que podem transmitir os sinais sem o uso do satélite – isso geralmente acontece em transmissões dentro da cidade, onde a antena do caminhão link pode “ver” a torre da emissora sem grandes obstáculos como prédios, árvores ou montanhas. Outra maneira, mais cara, é usar um sistema de transmissão de dados mais rápido do que os analógicos (sinais celulares). Transmissões internacionais mais modernas já usam esse sistema e o delay praticamente não acontece.
Delay da própria voz
Numa transmissão, o repórter tem de usar um retorno de áudio (um fone de ouvido) para saber quando deve entrar e o que responder na sua participação ao vivo. Mas, ele pode ouvir a própria voz no seu fone se o operador do link não fechar o canal de retorno do ar, o que pode ser catastrófico: um eco dentro da cabeça do repórter. Isso pode tirar a concentração dele e provocar engasgos na fala. Alguns, retiram o retorno do ouvido e outros tentam ignorar a própria voz com atraso, mas nem sempre conseguem se manter concentrados no que estão falando.
Um exemplo clássico desse problema é aquele em que uma nutricionista se atrapalhou, ouvindo a própria voz com atraso no seu fone de ouvido. Assista clicando aqui.
Por Thiago Moraes
Perfil de Thiago Moraes
Repórter e apresentador de telejornais, Thiago Moraes (31) trabalha com jornalismo televisivo desde 1996, quando iniciou na área técnica (atrás das câmeras). Formou-se em jornalismo pelo UNIFAE, em 2005, na cidade natal (São João da Boa Vista-SP). Pós-graduado em Linguagens Midiáticas e pós-graduando em Jornalismo Econômico pela PUC-SP. Thiago Moraes é autor de mais de 3 mil reportagens televisivas e também escreve para o blog TELE BLOG NEWS – Bastidores do jornalismo em TV.
Cadê as novas matérias?! 🙂
Demos um pause forçado em julho mas já voltamos! 😉