“Adoro escrever. O meu problema é encontrar sobre o que escrever…”. Essa é uma das frases que mais tenho ouvido durante os longos anos de convivência com os jovens que optaram por uma Faculdade de Jornalismo. Minha primeira reação é sempre propor um enorme Zero para quem diz isso. Me acalmo e pondero que tudo, mas tudo mesmo no mundo, é motivo para aprender. Primeiro é preciso aprender a voltar a pensar. Pensar, sempre pensar e muito pensar é fundamental. Pensar no que escrever, pensar no por que escrever. Pensar no porquê das coisas. Pensar nos porquês da vida. Pensar por que é preciso pensar e muito pouco se pensa.
Ruminar mentalmente a questão, delinear um projeto, planejar o trabalho, ordenar e depois sair pelas ruas, perguntando, ouvindo, questionando, selecionando informações. Com tudo o que foi ouvido, visto, pesquisado, pensado, sentido e bem ponderado, o texto virá, com certeza, em forma de reportagem.
“Meu problema é não saber encontrar um mote para escrever…”. O próprio fato de as pessoas terem dificuldades em encontrar temas para desenvolver já daria uma excelente matéria jornalística.
Senão, vejamos: por que uns têm facilidade para escrever e outros não? Seria o jornalismo uma questão de dom, aptidão? O que é dom? O que é aptidão? O que é talento? Se somos todos iguais, por que tanta diferença? Quem? Como? Quando? O quê? Por quê? Onde?
Repararam que, pensando bem, tudo rende perguntas? Repararam como até o tema de não se saber sobre o que escrever é rico? Repararam como se chegaria a uma grande e explicativa reportagem abordando esse assunto? Para começo de conversa, pense sempre, pense muito e coloque isso na cabeça: a curiosidade do mundo não tem limites. Somos todos absolutamente carentes de informações. Apesar de muitos saberem muito sobre muitas coisas, ninguém sabe tudo de tudo. Pense muito e pense bem nisso.
Aliás, pense nisso e naquilo. Pense a quilo. Pense às toneladas, pense aos montes. Pensar é o caminho. Pensar nos porquês da vida, nas questões do mundo, no valor das coisas ou o pouco valor que as coisas possam ter.
Por Edgard de Oliveira Barros
Perfil de Edgard de Oliveira Barros
O professor Edgard de Oliveira Barros está há 40 anos no jornalismo, tendo iniciado sua carreira na redação dos Diários e Emissoras Associadas, a maior cadeia de jornais, emissoras de rádio e de televisão que o Brasil já teve.
É bacharel em Direito pela Universidade Mackenzie, foi repórter de jornais Associados, tendo trabalhado também nas extintas rádio Difusora e TV Tupi. No meio do caminho teve a Propaganda e Edgard trabalhou na MPM Propaganda, para depois fundar a sua própria empresa de publicidade, através da qual ganhou vários prêmios.
Durante 10 anos foi diretor de redação do extinto Diário Popular. Deixando o Diário Popular começou a dar aulas na FACOM/UniFIAM no ano de 1986.
Criou o jornal Imprensa Livre na cidade de Atibaia, com circulação regional. Semanário, o jornal passou a diário tendo inclusive implantado seu próprio parque gráfico com modernas rotativas. Trabalhava no mínimo 18 horas por dia e todos os dias. Cansou.
E faltou dinheiro. Parou o jornal e voltou a dar aulas, sua paixão, na FIAM. Publicou três livros de crônicas e um livro-manual de Jornalismo dedicado aos alunos da escola: Quem? Quando? Como? Onde? O quê? Por quê?.
Acompanhe os textos do Professor Edgar publicados na página Mixtura Fina.
Amei o texto! Realmente, a curiosidade e o pensamento tem de ser o motor.