O jornalista tem que absorver o máximo de quem sabe e entende das coisas para poder montar a sua história. Já dizia Atahualpa Yupanqui, misto de cantador, poeta e filósofo argentino: “Nadie pone nada afora, se no tiene nada adentro”. Traduzindo o que você certamente já entendeu: “Ninguém põe nada para fora, se não tiver alguma coisa por dentro”. O repórter tem que saber do que está falando. Tem que ter sensibilidade para captar os mínimos detalhes, e entende-los todos, para não falar bobagens.
Aliás, antes que a carruagem siga seu rumo, é importante colocar aqui que o repórter tem que ser, no mínimo, muito bem informado. Sobre tudo, sobre todas as coisas. Tem que saber do tempo, tem que saber do vento, tem que saber sobre a política, sobre a economia, sobre o arroz, o feijão, o trânsito. Tem que estar sempre atualizado. Tem que ler tudo. Todos os livros possíveis e imaginários. Que abordem todos os temas conhecidos e desconhecidos.
Tem que ler no mínimo um jornal por dia. Tem que ouvir o noticiário de todas as emissoras de rádio e da TV. Tem que ler as revistas semanais. Porque ele vai ser cobrado todo o tempo. Sempre vai existir alguém que pergunte: “Como é que anda a política?”. Você não tem o direito de dizer que não sabe porque essa pessoa vai retrucar: “Ué! Você não é jornalista? Jornalista tem que saber das coisas!”.
Jornalista tem mesmo que saber “das coisas”. Tem que ter respostas. E só tem respostas quem se abastece delas. “Ninguém põe nada pra fora se não tiver alguma coisa por dentro…”. Pense, leia, atualize-se. É esse o seu trabalho, é disso que você vai viver. É essa a sua vida. Um lembrete importante: jamais diga: “eu acho que…”. Você não tem que “achar” nada. Ou as coisas são ou não são. Ou é ou não é.
Diante do filho que não quer comer, a mãe (pelo menos as mães mais antigas) costumam dizer: “Come, filho, porque saco vazio não pára em pé…”. Para você, que quer ser um bom jornalista eu digo: “Leia, meu filho. Informe-se, meu filho, porque cérebro vazio é corpo sem dono”. A gente é o que a gente pensa. Pensamos de acordo com o “alimento” que ingerimos para o nosso cérebro. Se a gente não tem nada no cérebro, a gente não tem condições de pensar nada. Como a gente é o que a gente pensa, sem pensar a gente simplesmente não é. Pense bem: não é lógico?
Por Edgard de Oliveira Barros
Perfil de Edgard de Oliveira Barros
O professor Edgard de Oliveira Barros está há 40 anos no jornalismo, tendo iniciado sua carreira na redação dos Diários e Emissoras Associadas, a maior cadeia de jornais, emissoras de rádio e de televisão que o Brasil já teve.
É bacharel em Direito pela Universidade Mackenzie, foi repórter de jornais Associados, tendo trabalhado também nas extintas rádio Difusora e TV Tupi. No meio do caminho teve a Propaganda e Edgard trabalhou na MPM Propaganda, para depois fundar a sua própria empresa de publicidade, através da qual ganhou vários prêmios.
Durante 10 anos foi diretor de redação do extinto Diário Popular. Deixando o Diário Popular começou a dar aulas na FACOM/UniFIAM no ano de 1986.
Criou o jornal Imprensa Livre na cidade de Atibaia, com circulação regional. Semanário, o jornal passou a diário tendo inclusive implantado seu próprio parque gráfico com modernas rotativas. Trabalhava no mínimo 18 horas por dia e todos os dias. Cansou.
E faltou dinheiro. Parou o jornal e voltou a dar aulas, sua paixão, na FIAM. Publicou três livros de crônicas e um livro-manual de Jornalismo dedicado aos alunos da escola: Quem? Quando? Como? Onde? O quê? Por quê?.
Acompanhe os textos do Professor Edgar publicados na página Mixtura Fina.