A queda do Muro de Berlim e a revolução que levou abaixo o regime salazarista português estão entre os episódios que reformularam a conjuntura histórica mundial. Junto a eles, desastres naturais, guerras e crises econômicas que também sucumbiram o planeta nas últimas décadas foram reunidos no livro ‘Correspondentes – Bastidores, histórias e aventuras de jornalistas brasileiros pelo mundo’, lançado no Rio de Janeiro nesta quarta-feira, dia 15 de agosto, em evento na livraria Travessa.
O retrospecto das notícias é feito por jornalistas que não só traduziram os fatos ao noticiário brasileiro, como também testemunharam a construção da história em tempo real à sina da ausência de internet ou meios sofisticados que facilitassem a comunicação. Entre os prestigiados nomes de correspondentes do Grupo Globo está Sandra Passarinho, enviada para cobrir a Revolução dos Cravos, em 1974, quando Portugal se preparava para sair de uma ditadura instaurada há mais de 40 anos.
“O Brasil não tinha democracia plena e até hoje ela oscila. Eu aprendi o que é democracia lá, cobrindo, primeiro em Portugal que estava se transformando em um país democrático, depois na Inglaterra”, relembra. Na época, Sandra tinha 24 anos e estava acompanhada apenas do repórter cinematográfico Orlando Moreira. Jovem e inexperiente, a jornalista caiu no maior acontecimento do mundo no momento e se tornou a primeira correspondente na Europa. “Aquela experiência abriu o mundo pra mim. E era um mundo que eu não conhecia. Me trouxe novas ideias e o convívio com pessoas de muitos países”, relata.
Outro jornalista convidado a rememorar a trajetória como correspondente é Marcos Losekann. Entre os acontecimentos, ele retoma à época em que esteve no Oriente Médio, a segunda Guerra no Líbano, em 2006, e a morte de Osama Bin Laden, em 2011, no Paquistão, uma das mais significativas para Losekann. “A ida ao esconderijo do Bin Laden envolveu audácia, coragem e muita sorte”, garante.
Foi sendo correspondente que o repórter vivenciou sua experiência mais perigosa na profissão. “Eu só senti medo uma vez em toda a minha carreira de jornalista, quando fomos sequestrados no Líbano. Minha mulher estava grávida e eu tinha filhos, uma com menos de um ano. Naquele dia eu pensei que tinha chegado a minha vez”, contou.
O livro é resultado de um trabalho de pesquisa do ‘Memória Globo’ e leva mais de cem histórias do jornalismo internacional para as mãos do leitor. A obra destoa da visão romantizada de uma cobertura no exterior e dá espaço aos desafios inerentes à profissão, com o fluxo de pertencimento dos vinte correspondentes que exerceram a função no mais de 40 anos de cobertura da emissora. São eles: Caco Barcellos, César Tralli, Edney Silvestre, Ernesto Paglia, Ilze Scamparini, Jorge Pontual, Lucas Mendes, Luís Fernando Silva Pinto, Marcos Losekann, Marcos Uchoa, Pedro Bial, Renato Machado, Ricardo Pereira, Roberto Feith, Roberto Kovalick, Rodrigo Alvarez, Sandra Passarinho, Sergio Motta Mello, Silio Boccanera e Sônia Bridi.
A edição lançada pela ‘Globo Livros’ também tem uma novidade à parte. A última página de cada capítulo traz códigos de barras 2D que levam a conteúdos extras exclusivos.
No evento de lançamento, os autores presentes autografaram livros e receberam o carinho de leitores e telespectadores.
Por Júlia Carvalho
Perfil da Autora
Júlia Carvalho é estudante de Jornalismo na UFRN e está em mobilidade acadêmica na UFF, em Niterói. Foi estagiária no G1-RN, no Gabinete Civil do Estado do RN e na Televisão Universitária (TV Brasil). Curiosa, observadora e leitora.
