Na última terça-feira, 2 de novembro, Dia Internacional para Acabar com a Impunidade dos Crimes contra Jornalistas, foi inaugurado um tribunal popular em Haia que julgará casos de jornalistas assassinados. A iniciativa é organizada pela Free Press Unlimited (FPU), pelo Comitê para a Proteção de Jornalistas (CPJ) e Repórteres sem Fronteiras.
O objetivo deste tribunal é o de buscar justiça para os jornalistas assassinados e defender a liberdade de imprensa. Apesar de não ter poderes jurídicos para condenar os responsáveis por esses crimes, o tribunal pretende sensibilizar, pressionar os governos e reunir provas através do que chama de “justiça de base”.
Primeiras audiências tratarão dos assassinatos de três jornalistas
Inicialmente, as audiências de seis meses se aprofundarão em casos não resolvidos de três jornalistas assassinados: o do diretor de jornal Lasantha Wickrematunge, ocorrido no ano de 2009 durante o conflito separatista tamil no Sri Lanka; o do jornalista mexicano Miguel Ángel López Velasco junto à sua esposa e filho, em 2011; e o de Nabil Al-Sharbaji, assassinado em um centro de detenção sírio em 2015.
“No passado, os jornalistas eram atacados, mas agora são o governo e os dirigentes dos governos que os atacam. Então é um ponto muito, muito importante”, afirmou Hatice Cengiz, que iria se casar com o jornalista dissidente saudita Jamal Khashoggi assassinado em 2018 dentro do consulado da Arábia Saudita em Istambul. Cengiz ressaltou que testemunhou no tribunal para que o mundo não se esqueça de seu noivo assassinado.
Desde 1992, mais de 1.400 jornalistas foram assassinados no mundo
A filipina Maria Ressa, prêmio Nobel da Paz, o filho da jornalista maltesa assassinada Daphne Caruana Galizia e Hatice Cengiz, são algumas das testemunhas que participarão de forma ativa no tribunal, que será realizado em uma antiga igreja do século XVII em Haia, Holanda.
Segundo o diretor da FPU, Leon Willems, o tribunal pretende demonstrar que é possível encontrar novas provas nos assassinatos de jornalistas, inclusive quando os Estados não podem ou não querem. De acordo com levantamento do CPJ, desde 1992, mais de 1.400 jornalistas foram assassinados no mundo. A cada dez casos de assassinatos de jornalistas, oito ficaram impunes.