Há motivos bem óbvios para que os jornalistas não sejam imparciais hoje em dia. O que mais chama a atenção é o fator “manda quem pode, obedece quem tem juízo”, ou seja, os donos dos meios de comunicação pagam e os jornalistas fazem aquilo para o qual foram incumbidos, pois do contrário seriam substituídos pelos que aceitam fazer. É um pensamento simplista, mas que faz todo sentido nesse universo capitalista.
Exatamente por isso devemos separar a imparcialidade do jornalista da imparcialidade do proprietário do veículo de comunicação, afinal, o repórter pode ter visão isenta, mas ainda assim ser obrigado a defender determinado lado da informação transmitida. Contrariar a linha editorial do veículo depende da postura do profissional que, consequentemente está sujeito tanto a conflitos éticos quanto a questões financeiras.
No entanto, quando o órgão de imprensa se diz imparcial, está, obviamente mentindo, afinal sempre há interesses pessoais, financeiros e/ou políticos envolvidos. Particularmente acredito que os interesses pessoais valem mais, isso quando significam considerar primeiramente o compromisso pessoal com os princípios da profissão, dentre eles a relevância social. Todavia, na prática, os meios de comunicação tendem a priorizar a situação financeira.
A parcialidade da empresa é totalmente compreensível, estranho é quando o jornalista – proprietário ou colaborador – passa a compartilhar os interesses do veículo ou a priorizar seu próprio ganho, seja financeiro ou profissional, em detrimento da isenção nas notícias. A dica é simples: se quiser fama ou lucro em maiores proporções nessa área, escolha a assessoria, onde a defesa de um lado já é evidente.
No título menciono que a falsa imparcialidade é pior do que a parcialidade, com isso quero dizer que no momento em que os jornalistas tornarem-se defensores das causas importantes, como as injustiças sociais, a falta de isenção será totalmente justificável e plausível. Antes isso do que usar a desculpa da imparcialidade para não mostrar realidades injustas e apresentar possíveis soluções aos cidadãos e governantes.
Por Andreza Galiego
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Perfil de Andreza Galiego
Andreza Galiego é estudante de Jornalismo e estagiou na Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Andradina, cidade onde mora. Aos 20 e poucos anos, terminando a faculdade, ainda vê a profissão como um meio de mudar o mundo, o próprio e o dos outros. Tem mania de discordar e gosta de pessoas estranhas. Estuda todo tipo de assunto que consegue no período em que está acordada, mas na maioria das vezes faz tudo dormindo mesmo. Escreve também no blog Jornalista sem Pauta. Achou incrível o convite para escrever no Casa das Focas e espera contribuir para o “descobrimento do jornalismo”.