Na última terça-feira, 25, milhares de jornalistas de todo o México realizaram manifestações em 47 cidades do país pedindo justiça e o fim da violência contra profissionais da comunicação. A maior delas ocorreu na Cidade do México, onde manifestantes espalharam flores e velas pelas ruas ao lado de cartazes com dizeres do tipo “Tenho raiva da censura”. Em um muro escreveram “Jornalismo é um risco”.
Os protestos sem precedentes, ocorreram após os assassinatos de três repórteres: Alfonso Margarito Martínez Esquivel, José Luis Gamboa Arenas e Lourdes Maldonado. Todos foram mortos em janeiro deste ano de 2022 dentro de um intervalo de poucos dias. Esta situação causou comoção e revolta nos profissionais de comunicação do país.
Três jornalistas assassinados em janeiro
Apesar de participar de um programa de Proteção a Jornalistas e Defensores dos Direitos Humanos, no último domingo, 23 de janeiro, a jornalista independente Lourdes Maldonado, foi morta a tiros dentro de um carro, na cidade de Tijuana.
Também em Tijuana, no dia 17 de janeiro, o fotojornalista Alfonso Margarito Martínez Esquivel, foi assassinado a tiros próximo de sua casa. Esquivel recebia constantes ameaças por parte de grupos criminosos locais e da própria polícia mexicana.
Na semana anterior, no dia 10 de janeiro, o jornalista independente José Luis Gamboa Arenas foi encontrado morto a punhaladas no estado de Veracruz, a alguns metros da sua casa. Diretor do jornal semanal El Regional del Norte, Gamboa produzia reportagens contra o crime organizado.
O país mais perigoso do Ocidente para jornalistas
Segundo a ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF), o México é o país mais perigoso do Ocidente para jornalistas. De acordo com a organização de defesa de direitos Artigo 19, entre os anos de 2000 e 2021, 145 profissionais da imprensa foram assassinados no país. Ali são relatados ainda casos similares ao de ditaduras, no qual profissionais do jornalismo são exilados, ameaçados ou assassinados a sangue frio.
“A violência contra a imprensa é um dos problemas históricos que a sociedade enfrentou e infelizmente está aumentando. É uma questão de urgência que as autoridades federais e estaduais previnam ataques, protejam jornalistas quando eles forem vítimas e investiguem crimes cometidos contra a imprensa com a devida diligência”, ressaltou em nota a Artigo 19.
O diretor do escritório da RSF na América Latina, Emmanuel Colombié, lamentou que o ano de 2022 tenha iniciado “com um banho de sangue no jornalismo mexicano”. “Esses assassinatos, cometidos com apenas uma semana de intervalo, anunciam mais um ano sangrento para a liberdade de imprensa no país. No entanto, essa violência que atinge os jornalistas e a impunidade não devem ser consideradas uma mera fatalidade. As autoridades federais e a polícia de Veracruz e de Baja Califórnia devem fazer tudo o que estiver ao seu alcance para identificar e prender os autores dessas execuções covardes. Os mecanismos de proteção também devem ser fortalecidos”, ressaltou.