O jornalista e escritor inglês, Eric Arthur Blair, mais conhecido pelo seu pseudônimo George Orwell, é autor de várias obras célebres. As mais conhecidas são: “A Revolução dos Bichos” e “1984”. Trataremos neste post do livro “A Revolução dos Bichos”, deixando o “1984” para ser tratado em um outro momento.
Criação da obra
O enredo de “A Revolução dos Bichos” começou a ser escrito no final do ano de 1943, apesar do autor já o ter concebido, pelo menos em sua ideia central no ano de 1937.
Comentando a obra, George Orwell explica que a fábula corresponde aos fatos ocorridos na Rússia soviética e faz referência aos seus dois ditadores. “Pensei em denunciar o mito soviético numa história que fosse fácil de compreender por qualquer pessoa e fácil de traduzir para outras línguas. (…) Decidi analisar a teoria de Marx do ponto de vista dos animais. Para eles, claro, o conceito de luta de classes entre os seres humanos era pura ilusão, pois sempre que fosse necessário explorar os animais os seres humanos se uniam contra eles: a verdadeira luta se dava entre os bichos e as pessoas.”
Orwell explica também que “embora seus vários episódios tenham sido tirados da história real da Revolução Russa, foram tratados de maneira esquemática, e sua ordem cronológica foi alterada. No final acrescentei alguns acontecimentos, como a Conferência de Teerã, que ocorria no momento em que eu escrevia”.
Personagens
Diversos personagens do regime soviético são representados na obra. Os cavalos Sansão e Quitéria representam o proletariado. As ovelhas, as vacas, as galinhas e outras forças do pasto e do quintal representam os elementos disparatados do campo e da classe média. A égua branca Mimosa representa um tipo de pequeno-burguês (alvo dos mimos do senhor Jones). Junto dela, o Corvo Moisés (ave de grande eloquência e vocação de pregador que fala de um mundo além do céu) permanece indiferente ao que acontece na fazenda. A ave acaba tendo permissão para retornar à fazenda, assim como Stalin permitiu a volta da atividade da Igreja Ortodoxa russa durante a segunda guerra mundial. O porco Napoleão representa Stalin e Bola-de-Enredonta Trotski.
Breve resumo
Tudo se passa na granja do Sr. Jones, onde os animais, cansados de serem explorados pelos humanos, se organizam sob a liderança do porco Major e expulsam o proprietário da granja.
Por serem considerados os mais inteligentes, os porcos se tornam os líderes da granja. Adota-se o Animismo, doutrina na qual todos os animais são iguais entre si, porém, “uns são mais iguais que outros”. Além disso, são estabelecidos Sete mandamentos que visam distinguir os humanos dos animais:
1 – Qualquer coisa que ande sobre duas pernas é inimigo.
2 – Qualquer coisa que ande sobre quatro patas, ou tenha asas, é amigo.
3 – Nenhum animal usará roupas.
4 – Nenhum animal dormirá em cama.
5 – Nenhum animal beberá álcool.
6 – Nenhum animal matará outro animal.
7 – Todos os animais são iguais
E para os animais menos inteligentes, os mandamentos foram reduzidos à máxima: “Quatro pernas bom, duas pernas ruim”.
Aos poucos os mandamentos começaram a atrapalhar o governo dos porcos, e por este motivo foram sendo modificados. Inclusive a máxima é alterada para: “Quatro pernas bom, duas pernas melhor!”. Por fim, os porcos acabam se tornando verdadeiros ditadores e agem como os humanos, inclusive se unindo a eles.
“Muitos leitores podem acabar de ler o livro com a impressão de que ele termina com uma reconciliação total entre os porcos e os seres humanos. Minha intenção não foi essa; ao contrário, eu desejava que o livro terminasse com uma nota enfática de discórdia, pois escrevi o fim imediatamente depois da Conferência de Teerã, que todos julgaram ter estabelecido as melhores relações possíveis entre a URSS e o Ocidente. Pessoalmente, jamais acreditei que essas relações pudessem durar; e, como os fatos demonstraram, não estava muito enganado”, declarou George Orwell no prefácio de sua obra em edição ucraniana (1947).
Por Emílio Portugal Coutinho