Nas últimas semanas me entreguei novamente à autobiografia de Samuel Wainer, Minha razão de viver, publicada pela Editora Planeta. E não é à toa que o livro está esgotado nas livrarias e distribuidoras, pois a história de vida de Samuel Wainer é uma lição que qualquer iniciante na profissão e até mesmo os calejados que ainda não leram deveriam provar.
Além da revista semanal Diretrizes que ele manteve como um caderno literário, teve a criação do jornal diário Última Hora, que revolucionou os padrões de fazer jornal a partir de 1951. Grandes imagens de capa, que chegaram até a se tornarem coloridas, títulos criativos, criação de um caderno cultural, inclusão das Histórias em Quadrinhos e de notícias sobre futebol, cobertura das regiões do subúrbio do Rio de Janeiro com repórteres específicos e dos movimentos sindicais, espaço para opinião da presidência da República, entre outras inovações que já naquela época incomodavam os grandes barões midiáticos como Assis Chateaubriand e os mesmos de hoje, que têm mais força política do que na época.
Para além dos recursos técnicos, não temos mais uma cobertura dos grandes jornais do país das regiões periféricas das cidades grandes, que são citadas somente nas páginas policiais. Na Última Hora as festas e a vida cultural do subúrbio também eram publicadas. A mim parece óbvia a necessidade de haver esse tipo de cobertura já que os subúrbios/periferias são infinitamente maiores do que as regiões centrais. Ou seja, os grandes jornais perdem muitas pautas com essa miopia.
As reivindicações sindicais também foram esquecidas depois do fim da Última Hora. Elas não deixaram de existir e nem os sindicatos deixaram de lutar por condições melhores de trabalho, mas quando professores fecham a avenida Paulista a pauta é a quantidade de quilômetros de trânsito em São Paulo causada pela manifestação. Entendem a subversão?
É, realmente Wainer conseguiu se aliar aos donos do poder sem abrir mão de dar as notícias de interesse público, do povo. Acredito que alguém ainda conseguirá revolucionar a forma de fazermos jornalismo, apesar de que, ultimamente, os homens ‘revolucionários’ da Comunicação têm vindo de áreas como TI e qualquer coisa relacionada à tecnologia. Um dia conseguiremos.
Por Bárbara Vidal
Perfil da Autora
Apaixonada por Comunicação em todas as suas vertentes, eu, Bárbara Vidal, também sou jornalista pela PUC-SP. Já dei aula de inglês para crianças do Ensino Básico, fui freelancer do Guia do Estudante, estagiei na ONG Repórter Brasil, na Comunicação Corporativa da Abril S/A, trabalhei na Companhia das Letras, La Fabbrica do Brasil e Abril Educação S/A. Atualmente, minha jornada é descobrir como realizar sonhos por meio da comunicação. E tem dado certo! Contato: >www.blogdabarbaravidal.wordpress.com / [email protected]
Vou procurar esse livro *-*
Parece ser muito interessante, mesmo! 🙂
Acabei de pegar esse livro na biblioteca. Coincidência.
Lhe desejo uma ótima leitura, Rafael! 😉