No jornalismo desde 1955, tendo recebido sete Prêmios Esso ao longo de sua carreira, José Hamilton Ribeiro relatou suas experiências na elaboração de grandes reportagens na II Semana da Comunicação das Faculdades Integradas Alcântara Machado (FIAM FAAM).
Em palestra realizada no dia 23 de outubro, no campus Morumbi da FIAM FAAM, José Hamilton conversou de forma descontraída e objetiva sobre as nuances do jornalismo no passado, no presente e a incógnita que o cerca no futuro.
Expert em grandes reportagens, José Hamilton alerta: “A grande reportagem nem sempre é uma reportagem grande”.
Para José Hamilton, a grande reportagem é aquela bem pesquisada, com análise e profundidade agregada à experiência do repórter, o simples é o difícil de fazer.
O jornalista entende que, a reportagem não deve ter um final ruim, ou seja, uma ‘morte súbita’, e sim, deve ter um final surpreendente que agrade o leitor, e claro, o editor para ser publicada.
A grande reportagem tem uma fórmula, segundo José Hamilton: GR= BC + BF x (T x T) n
Ou seja: Um bom começo e um bom final multiplicada por (talento e trabalho) e tudo que for necessário para obter êxito. O jornalismo também deve ter sempre consigo o fator da ilusão, ou seja, a utopia de alcançar aspectos como por exemplo, a imparcialidade, pois assim o jornalista mantém a motivação e mais qualidade no exercício do ofício.
José Hamilton destaca Paulo Henrique Amorim, Marcelo Rezende, Ernesto Paglia e Roberto Cabrini como os melhores repórteres que já viu atuando no Brasil.
Em março de 1968, José Hamilton atuou como enviado especial ao Vietnã, onde viveu o drama que nenhum correspondente imagina passar: virou notícia ao perder a parte inferior da perna esquerda na explosão de uma mina terrestre perto de Quang Tri. Sobre o incidente desabafa que, “a cobertura de guerra é o anseio do repórter”, e completa: “muitos prêmios não reconhecem os cinegrafistas e a equipe como um todo”.
Mesmo após o incidente, José Hamilton voltou a trabalhar rapidamente e cobriu, por exemplo, o escândalo do assassinato do candidato à presidência dos Estados Unidos Robert Kennedy (1925-1968), e 30 anos depois da guerra, retornou ao Vietnã.
Para finalizar, destaca que o momento no jornalismo atual é o da “mediocridade”, e conclui: “O poeta nasce poeta, o jornalista também nasce feito, o jornalista tem na essência a partilha na informação, o jornalista também pode ser autodidata, porém, será mais difícil”.
Por Ana Caroline de Aquino
Leia também:
– “Jornalismo investigativo parte do pressuposto que há algo de errado”
– “Temos que buscar o novo nas ruas, longe das maquininhas”, alerta Caco Barcellos
– Jornalismo Investigativo é redundância?
Perfil de Ana Caroline de Aquino
Ana Caroline de Aquino Chaves, 20 anos, estudante de jornalismo (3° semestre) na FIAM FAAM, estagiária em assessoria de imprensa na Emplasa (Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano SA), apaixonada pelo jornalismo futebolístico, e claro, pela transmissão de informação com conteúdo como um todo. Para mim, o jornalismo acima de tudo é questão de preposição: Antes de falar DE fale COM.