Medidas de segurança em situações de conflito e a postura da polícia diante da imprensa. Esses foram os temas abordados na manhã da última quarta-feira, 10, durante o segundo encontro realizado na sede da Oboré em São Paulo, na série de debates sobre as reportagens nas manifestações que ocorreram durante o mês de junho (clique aqui para ler o resumo do 1º encontro).
O evento foi promovido pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), em parceria com a ONG Conectas e o Observatório da Imprensa e contou com a presença de Erich Meier Júnior (coronel da Polícia Militar do Distrito Federal e assessor do Secretário Adjunto de Segurança Pública), João Paulo Charleaux (coordenador da Conectas), Mauro Marlim (Observatório da Imprensa), Marcus Aurélio de Carvalho (diretor da UNIRR) e Guilherme Alpendre (diretor executivo da Abraji).
Dentre os principais temas abordados pelo coronel e os jornalistas estavam o treinamento de policiais e questões de segurança para manifestantes e profissionais da imprensa.
A atuação de policiais durante os protestos foi alvo de críticas por parte dos jornalistas presentes na palestra. Durante as manifestações, repórteres foram atingidos por balas de borracha disparadas por integrantes da PM. Segundo Charleaux, a falta de identificação individual da força tática e da tropa de choque dificultou as denúncias das vítimas. Complementando o colega, Marlim avaliou que “o jornalista tem que ser identificado” nesse tipo de cobertura para poder trabalhar livremente.
Meier Júnior garantiu, no entanto, que a recomendação dada à polícia nunca foi a de agredir integrantes da mídia. O coronel ressaltou que a violência cometida por membros da corporação será punida. “A orientação oficial não é bater em jornalista. Isso é um desvio de conduta individual inadequada e de pequenos grupos. A missão da polícia é manter a ordem, assim como a dos profissionais de imprensa é informar o público. Temos que trabalhar juntos, para harmonizar, pois a nova geração está mudando o país”.
Medidas de segurança
Os palestrantes recordaram situações de risco e agressões a jornalistas ocorridas no dia 13 de junho. O coronel esclareceu dúvidas sobre o uso de armas nas manifestações. De acordo com ele, as armas letais só podem ser utilizadas quando há risco iminente de morte ou lesão grave para o policial e outras pessoas. Sobre as balas de borracha, disse que pode ser uma bala inteiriça ou um projetil com 10 a 15 pedaços de borracha pequenos.
“A orientação é atirar apenas nos membros inferiores”, contou o coronel. Sobre o uso de gás lacrimogêneo, que visa causar desconforto, ele ressaltou que a arma só é dirigida a quem provoca descontrole na ordem pública. Meier Júnior ainda recomendou o produto a ser usado pelos alvos do gás: “a recomendação do fabricante não é usar vinagre, mas sim lavar com água em abundância, não coçar e sair do local para tomar ar fresco. O efeito leva de 30 a 40 minutos para passar”.
Denúncias
Em casos de agressões, seja a jornalistas ou manifestantes, há corregedorias que ficam abertas 24 horas por dia. O comandante da PM no Distrito Federal assegura que a identidade de qualquer denunciante ficará sob sigilo. “Você precisa ir até lá e denunciar. Sua identidade será preservada. As punições aplicadas dependem de cada estado”.
Por Kelly Mantovani.
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Perfil de Kelly Mantovani
Pisciana, paulistana da gema e amante de bons livros. Estudante do terceiro semestre de Jornalismo na FIAM (Faculdades Integradas Alcântara Machado), atua como estagiária em Assessoria de Imprensa na Prefeitura de São Paulo e contribui com muito orgulho sugerindo pautas para a Casa dos Focas.