Desde o início das aulas na faculdade de jornalismo, somos instruídos a ter um determinado comportamento em frente às câmeras, a como agir em situações diversas.
Mas na realidade, no exercício de nossa profissão, lá no dia a dia, sabemos que não é bem assim e que temos de “nos virar nos trinta” em muitas situações atípicas da rotina de um jornalista.
Nos últimos dias, fomos praticamente bombardeados por casos de jornalistas que passaram por situações um tanto constrangedoras.
No dia 16 de junho a repórter Sabina Simonato, da Rede Globo, foi beijada (novamente) por um torcedor da seleção de Portugal, em uma transmissão ao vivo para o Bom Dia SP. “Tá aproveitando a história do Croata”, disse a repórter, não perdendo a pose em frente à câmera.
Explicando a tal “história do Croata” a que se refere Sabina: na semana anterior, a mesma repórter já havia sido beijada por um torcedor da Croácia, durante uma transmissão ao vivo para o SPTV 1ª edição.
A repórter não se abalou e continuou a matéria, na maior descontração: “todo mundo muito simpático, todo mundo hermano (…)”, disse Sabina, rindo da situação.
E os fatos curiosos não param por aí. Na sexta-feira passada (13) um torcedor ofereceu cerveja à repórter Emmily Virgilio, durante uma entrada ao vivo para o Jornal Hoje. Confira aqui.
(Ah, mas que foi engraçado, foi!)
E não pense que é só no Brasil não. O repórter Jeremy Ross, do canal Fox dos Estados Unidos, também ganhou um beijo durante um link ao vivo, direto do Maier Festival Park. “Thanks, man” (Obrigado, cara!) disse o repórter, na maior cara dura. Assista aqui.
(O jeito é sorrir e continuar!)
Já uma repórter em Lake Tahoe, no estado de Nevada, passou por algumas situações constrangedoras em uma transmissão ao vivo, durante as comemorações do ano novo nos Estados Unidos, em 2009. Veja aqui.
(Essa teve um pouco mais de trabalho para manter-se firme em frente à câmera. Mas se saiu muito bem!)
Mas, nem só de fatos divertidos vive o jornalista…
Em 2011, a repórter Monalisa Perrone foi empurrada por um desconhecido enquanto fazia uma entrada ao vivo para o Jornal Hoje. O fato rendeu muita polêmica e ainda a frase icônica da âncora Sandra Annenberg: “que deselegante”.
(Que deselegante, mesmo!)
Já o repórter Jerome Hughes, do canal TV3, foi “atacado” por um desconhecido que passava pelo local no momento do link ao vivo do jornalista. Detalhe: o tal desconhecido fingia estar armado, apontando, acredite, a mão para o repórter.
Conclusões…
Há muitos (muitos mesmo!) vídeos de repórteres (homens e mulheres) que passam por essas situações diversas, tanto boas quanto ruins. Em uma rápida pesquisa já encontramos um monte deles.
Estes vídeos mostrados acima são apenas exemplos desse tipo de situação da qual nenhum jornalista está livre. Nem os mais renomados.
Mas, trazendo esses fatos para a nossa realidade de estudantes, qual seria a forma correta de reagir a tudo isso?
O que eu digo é que não existe “a forma correta” de agir (ou reagir). Existe o bom senso e o jogo de cintura. Como estudante de jornalismo (quase formada) já entendi que esses ensinamentos de comportamento em frente à câmera ensinado nas faculdades nem sempre funciona, e nem sempre é seguido fora de uma sala de aula.
O que é válido num contexto acadêmico nem sempre é válido fora dele, e nem sempre funciona fora dele.
O que acontece em uma situação dessas, onde é tudo ao vivo, está fora do nosso controle. O jornalista deve entender que não lida apenas com um fato, mas lida principalmente com pessoas, e pessoas são imprevisíveis, em qualquer situação, isso não é exclusividade de nossa profissão.
Mas, o que fazer em uma situação dessas então?
Um ponto importante: o que serve para um momento nem sempre serve para outro. Cada situação é uma situação. Cada repórter é um repórter.
Como nos casos citados, uma saída é tentar contornar a situação da melhor forma possível para aquele momento. Assim como fizeram nossos colegas nos vídeos mostrados aqui. E se saíram muito bem, não é?
Ninguém está livre de situações como estas. Então, quem irá dizer o que é melhor a se fazer? Você. Isso. É simples. Por mais que em situações desagradáveis você tenha que se segurar para não perder a compostura, você vai saber qual a melhor forma de agir para que isso não aconteça. Vai por mim.
E você, já pensou sobre isso? O que você faria se passasse por uma situação qualquer desta?!
Vale a reflexão.
Por Rafaela Lorenzon
Perfil do Autor
Estudante de jornalismo, quase formada. Não consegue se acostumar com os padrões do jornalismo atual, mas (ainda) acredita nele como uma forma de melhorar este mundo em que vivemos.