Uma pesquisa, promovida pela Federação Internacional de Jornalistas (IFJ), revelou o agravamento em termos de desigualdade de gênero entre homens e mulheres jornalistas durante a cobertura da pandemia de Covid-19.
O levantamento sobre os efeitos do coronavírus nas mulheres jornalistas foi realizado entre os dias 19 e 30 de junho, entrevistando um total de 558 mulheres jornalistas provenientes de 52 países. Entre elas 58 profissionais são brasileiras.
Aumento no nível de estresse
O nível de estresse durante a pandemia aumentou para 77% das entrevistadas. A causa principal desse nervosismo se deve ao fato destas profissionais terem suas jornadas ampliadas, tendo que conciliar a vida laboral com as tarefas relacionadas a gestão do lar.
Essa sobrecarga de trabalho gerou problemas de saúde para mais da metade das jornalistas que responderam a pesquisa. Três entre quatro delas manifestaram dificuldades para conciliar o sono.
Falta de equipamentos de proteção e tecnológico
Além disso, 60% das profissionais consultadas revelou não ter recebido nenhum equipamento de proteção para minimizar os riscos de contaminação, tendo que arriscar sua saúde para seguir em seu trabalho informativo.
As profissionais de imprensa que permaneceram trabalhando em home office também relataram dificuldades. Segundo a pesquisa, 40% delas relataram não ter recebido de suas empresas um protocolo com horários e intervalos de trabalho definidos para seguir trabalhando à distância. Houve ainda as que não tiveram acesso nem sequer aos elementos tecnológicos necessários para exercer seu trabalho a partir de suas casas, tais como internet e computadores.
Outras causas de estresse
Muitas relataram a falta de empatia dos empregadores em relação à realidade do cumprimento de sua atividade a partir do lar enquanto cuidam de seus filhos. A desigualdade salarial e oportunidades de promoção na carreira também estavam entre as preocupações manifestadas pelas jornalistas.
Outras causas de estresse listadas foram o trabalho isolado, a conexão com a internet, a intimidação dos chefes, as tensões domésticas, os habituais prazos apertados, as longas horas de trabalho, o impacto psicológico da cobertura da Covid e o medo de perder o emprego.
Por Emílio Portugal Coutinho