Na noite da última segunda-feira, dia 22 de setembro, o diretor-geral do Datafolha (Instituto de Pesquisas), Mauro Paulino, ministrou uma conferência na Cátedra de Jornalismo Octavio Frias de Oliveira, do Centro Universitário Fiam-Faam, em São Paulo.
A palestra tratou sobre a interpretação de pesquisas eleitorais e os erros e acertos da imprensa ao utilizá-las.
Logo no início, Paulino explicou que a principal função da pesquisa de opinião é a de fornecer informações, sendo que quando o Instituto Datafolha se propõem a divulgar os resultados de suas pesquisas, ele se torna um instrumento jornalístico. “É uma grande responsabilidade a de tecnicamente ser um instrumento que colha números fidedignos, que sejam reais, que sejam corretos, dentro dos limites da estatística”, disse.
Segundo ele, “é importante que o instituto se comprometa em fazer com que o eleitor entenda melhor o processo eleitoral, e de que forma cada um está inserido no processo eleitoral”.
Através de slides, o diretor-geral do Datafolha apresentou alguns dados usados pelo instituto, bem como a história da eleição presidencial de 2014 comparada com os períodos anteriores, com o objetivo de mostrar como a pesquisa revela o ponto de vista do eleitor. “Observando essa história em comparação com os dados mais recentes a gente pode entender melhor o processo eleitoral”, acrescentou.
Roteiro de um processo de pesquisa
De acordo com Paulino, existem quatro atores básicos que compõem o processo de elaboração de toda pesquisa, seja ele eleitoral ou no campo de mercado:
1º – o público em geral: que é o pesquisado. No caso de pesquisa eleitoral, são os 140 milhões de eleitores brasileiros;
2º – os respondentes: que são os entrevistados, considerada uma pequena parcela do público em geral dos eleitores que é entrevistada e que representam esse total de eleitores;
3º – o cliente: que é quem encomenda a pesquisa. No caso do Datafolha, nas pesquisas presidenciais deste ano, os clientes são a Folha de S.Paulo e a TV Globo;
4º – o pesquisador: aquele quem elabora a pesquisa.
Cinco passos da elaboração da pesquisa
Na elaboração da pesquisa, são seguidos cinco passos:
1º – Briefing: quando se recolhe do cliente os assuntos a serem abordados. No caso da pesquisa eleitoral, basicamente são: a intenção de voto, rejeição e outros elementos;
2º – Planejamento: referente a elaboração da amostra, do questionário e das estratégias de abordagem (se a pesquisa será domiciliar ou na rua). Ou seja, todo o processo técnico da pesquisa;
3º – Realização das entrevistas: quando se vai a campo para realizar as entrevistas;
4º – Análise e processamento dos dados: depois de ir a campo, os resultados vão para análise e os dados são processados;
5º – Apresentação: após a análise, é realizada uma apresentação. No caso da pesquisa eleitoral, essa exposição direcionada para o público em geral é feita através das reportagens divulgadas pela grande mídia.
Variáveis
Dentre as diversas variáveis que atuam junto a esses atores e a esses passos da pesquisa estão:
– As variáveis individuais: o ambiente em que cada entrevistado, cada elemento da mostra está envolvido (escola, trabalho, família);
– As variáveis culturais: o ambiente em que as pessoas estão inseridas e cresceram;
– As variáveis situacionais: neste caso, as variáveis que podem influenciar a pesquisa naquele momento específico. (Ex: uma greve ou um debate recente).
Além disso, Mauro Paulino destacou que sobre todas essas variáveis existe uma que atua acerca de tudo isso: a paixão política. “Isso acaba atuando de forma a tentar influenciar tanto a realização da pesquisa quanto as análises. Então muitas vezes, muitas análises de resultados de pesquisa eleitoral são contaminadas por esse fator”, advertiu.
Para ele, isso é algo que precisa ser eliminado, pois “sempre que a gente observa um número de pesquisa, uma manchete a partir de uma pesquisa é importante que a gente veja aquilo sem a contaminação das nossas opções, das opções políticas que a gente tem”.
Após essa primeira parte na qual foi apresentado como funciona o processo de pesquisa, Paulino mostrou o cenário atual da pesquisa presidencial deste ano. Em seguida, os alunos de comunicação social da FIAM FAAM, que assistiam a palestra, puderam fazer perguntas para o palestrante e tirar suas dúvidas sobre os processos realizados pelo Datafolha.
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Por Emílio Portugal Coutinho.