Com a participação de focas de todo o Brasil, através de nossa página no facebook e de nosso endereço de e-mail ([email protected]), montamos uma pauta com dez perguntas sobre o jornalismo esportivo e a atuação de Juca Kfouri na área.
Para nossa grande alegria, Juca aceitou o pedido de entrevista que fizemos, respondendo a cada uma das questões apresentadas. Publicamos abaixo o resultado desse trabalho realizado pela equipe da Casa dos Focas em parceria com os nossos fãs.
Casa dos Focas – Como começou essa sua paixão pelo jornalismo? Quem lhe inspirou a seguir essa carreira?
Juca Kfouri – Na verdade começou já no exercício dela, porque nunca havia pensado em ser jornalista, mas em seguir vida acadêmica, em Ciências Sociais.
CF – Quais foram os principais desafios enfrentados por você ao longo do seu percurso no jornalismo?
Juca Kfouri – Tudo aconteceu muito naturalmente na profissão, aos poucos, sem planejar. Desafios, à época, era sobreviver combatendo a ditadura.
CF – Como é o método de apuração e checagem de informação utilizado por você? Que dicas você dá para se conseguir boas fontes?
Juca Kfouri – Certas coisas cada um faz de seu modo e guarda para si, fora, é óbvio, o que é óbvio.
CF – Corintiano que é, como você consegue separar o amor ao time alvinegro do lado jornalista?
Juca Kfouri – Com treino. E pra escrever é fácil, duro é ao vivo, em rádio ou TV.
CF – Diante de outras editorias, o esporte é visto por muitas redações como “o quarto dos fundos de uma casa”, algo pequeno, embora tenha grande importância e interesse do público. Como você defende área?
Juca Kfouri – Já não é assim faz tempo. Virou folclore.
CF – Juca, como as ideologias de grupos políticos e o fanatismo interferem hoje no futebol principalmente? Qual a influência da religião sobre o esporte em geral?
Juca Kfouri – O futebol é um dos palcos ideais para a corrupção e a irracionalidade. O lugar das religiões certamente não é nas competições esportivas.
CF – Como você avalia a cobertura jornalística brasileira e internacional da Copa do Mundo 2014, é satisfatória?
Juca Kfouri – Sim, estã sendo bastante crítica, fora o que se vê, aqui, na TV aberta.
CF – O jornalismo esportivo já conquistou espaço e credibilidade no Brasil?
Juca Kfouri – O impresso sim. O eletrônico ainda não, principalmente o da TV aberta.
CF – Você acredita que há o devido espaço para jornalistas femininas no âmbito esportivo?
Juca Kfouri – Se duvidar hoje tem mais mulher que homem cobrindo esporte.
CF – Que conselho você dá para quem quer seguir a carreira do jornalismo esportivo?
Juca Kfouri – Não se curvar diante dos poderosos, não confundir jornalismo com propaganda, ler muito e saber inglês como sabe português.
Leia também:
– Rodrigo Craveiro conta suas experiências no jornalismo.
– Uma conversa com o jornalista Ivan Martins
– Heródoto Barbeiro, âncora do Jornal da Record News é entrevistado pela Casa dos Focas
Perfil
José Carlos Amaral Kfouri, conhecido como Juca Kfouri, nasceu em São Paulo, capital, em 4 de março de 1950 e se tornou um importante jornalista especializado em esporte.
Juca trabalhou em diversos meios de comunicação, dentre eles estão: Editora Abril, tornando-se chefe de reportagem da revista “Placar”. Teve uma passagem curta pela Tv Tupi de São Paulo, retornando pouco tempo depois para a revista “Placar” ocupando o cargo de diretor de redação.
Em 1982 denunciou a “Máfia da Loteria Esportiva”, na qual jogadores eram comprados por apostadores, a fim de garantir que os resultados dos jogos da loteria seriam aqueles em que haviam apostado. A matéria, escrita por Sérgio Martins e supervisionada por Juca, que era o chefe da redação, quase ganhou o “Prêmio Esso – de Jornalismo”.
Sua trajetória televisiva não se resumiu a rápida passagem pela Tv Tupi, em 1978. Juca foi comentarista na TV Record, em 1982, no SBT, de 1984 a 1987, e da TV Globo, de 1988 a 1994. Entre os anos de 1995 e 2000 participou do programa “Cartão Verde” na Tv Cultura; foi contratado pela Rede TV!, onde apresentou o programa “Bola na Rede” até 2003, ano em que retornou à Tv Cultura. Na CNT apresentou o programa “Juca Kfouri”. Atualmente trabalha como comentarista na ESPN e na rádio CBN, além de ser colunista da Folha de S.Paulo e possuir um blog no UOL.
Por Emílio Portugal Coutinho.