Novos desafios, plano de carreira, oportunidade de crescimento profissional, melhor salário, benefícios, participação no resultado e reconhecimento são os atributos que atraem as pessoas para uma determinada profissão. É verdade que não é fácil encontrar no mercado oportunidade que contemple todos eles. Mas não custa tentar. O não, como se diz popularmente, todos têm, a questão é buscar o sim. Em que setores da economia é mais provável um emprego com tantas recompensas? Talvez na indústria onde estão certamente os empregos mais bem remunerados. Por causa do aumento de produtividade dizem os liberais. Por causa da exploração da força do trabalho e a geração da mais valia, dizem os socialistas e comunistas. O setor agrícola, extrativista, comercial ou de serviços oferecem menos compensações. Este último é o pior avaliado por empregados e clientes.
Qual dos atributos acima recompensa a profissão de professor? Nenhum respondem os mais críticos. Ele é mal remunerado, não tem reconhecimento público, não ganha por produtividade, os benefícios são pífios e por aí vai. No outro lado da moeda estão o número excessivo de aulas, falta de tempo e dinheiro para aperfeiçoamento, ausência de estímulos para avançar na carreira, violência em sala de aula, falta de apoio das famílias e da comunidade para a escola. Agora a pergunta que não quer calar: quem se habilita? Diante desse quadro, é verdade que existem algumas exceções, quem abandonaria outras atividades ou carreiras para se tornar um professor? Para muitos a profissão não é abraçada por escolha, mas por exclusão. Ou bico até aparecer alguma coisa melhor.
Um professor não pode ser confundido com um “dador de aulas”. Ele precisa ser mais do que isso. Não basta saber o que vai ensinar – muitos não sabem – é preciso direcionar o conhecimento de suas aulas no sentido da construção da cidadania, da democracia, da interatividade entre disciplinas, para listar as mais importantes. Um lousa eletrônica, conectada na internet, com lap tops individuais, óculos 3D, material áudio visual, microfone sem fio de apoio ajudam. Mas não são essenciais. Essencial é o professor e a professora. A educação começa e termina com eles. Muitos de nós teve o privilégio de encontrar na escola alguns verdadeiros professores. Nunca esquecemos deles. Guardamos as melhores lições que nos ensinaram, que nem sempre foi a utilização de um teorema, o entendimento de um período histórico, uma visão técnica do corpo humano. As melhores lições foram os exemplos dados pelo seu comportamento.
Por Heródoto Barbeiro
Perfil de Heródoto Barbeiro
Heródoto Barbeiro é jornalista, âncora do Jornal da Record News e do R7, diariamente as 21h. Ex-apresentador do Roda Vida da TV Cultura e do Jornal da CBN. Autor de vários livros na área de treinamento, história, jornalismo e budismo.