No meio jornalístico, ser objetivo é ser o mais sucinto e breve possível. É dar ao leitor um primeiro contato com a notícia, e, em poucos parágrafos transmitir os assuntos mais relevantes do dia. No entanto, esse pragmatismo na elaboração do texto noticioso pode ser tratado como uma estrada de mão dupla ou como diz o dito popular, uma faca de dois gumes.
Será que esse objetivismo extremo ao transmitir a notícia é realmente benéfico ao leitor? Nos dias atuais, pelo demasiado número de veículos que comunicam, é cada vez mais comum que se elaborem textos com o famoso esquema da pirâmide invertida, na qual respondem-se nas primeiras linhas as perguntas cruciais para a compreensão do fato noticiado. Entretanto, esse molde que é muito utilizado pelos grandes veículos e também excessivamente difundido pelas universidades, passa para nós contextos um tanto superficiais, impedindo na maioria das vezes que o leitor se aprofunde no fato, analisando-o e interpretando-o do modo que lhe aprouver.
A análise dos acontecimentos cotidianos de forma acrítica é cada vez mais comum entre os consumidores dos veículos de massa e isso se justifica pela má qualidade do que é disseminado. O excesso de informações difundidas a todo momento nos faz por vezes meros espectadores, que passivamente tomam para si o que é largamente propagado pela opinião pública. Diante desses argumentos é necessário colocar aqui um outro questionamento: será esse mesmo o papel do jornalista, de transmitir verdades incompletas e fazer do público massa de manobra dos grandes conglomerados de comunicação? Essa é sem dúvida a questão que se coloca para todos aqueles que escolheram a comunicação, seja ela falada ou escrita, como profissão ou forma de se expressar ao mundo.
Nos moldes em que hoje é feito, o jornalismo restringe o caráter criativo de jovens comunicadores que ainda enxergam na profissão a utopia de serem fiscalizadores da ordem. Com isso, sentimo-nos como em uma ditadura em que são impostos estilos e formas de se fazer a notícia, e isso impede que expressemos o direito inalienável que é o livre pensamento.
O pensar livre de molduras estabelecidas é certamente o que necessita o jornalismo brasileiro para tornar-se referência no mundo. Sem dúvida é momento de se repensar a notícia nas terras tupiniquins e permitir que muito mais que objetivismo haja a análise efetiva dos fatos, pois somente quando se estimula o pensamento e a crítica é que se tem o verdadeiro jornalismo.
Por Rodrigo Sales.
Perfil de Rodrigo Sales
Rodrigo Sales é um estudante de jornalismo que ainda acredita que comunicar é contar novas e fascinantes histórias a cada dia. Curioso ao extremo, sempre busca se aprofundar na notícia e entender todos os fatos que norteiam os acontecimentos. Com 22 anos de idade, e no segundo ano do curso de comunicação na FIAM (Faculdades Integradas Alcântara Machado) , deseja sempre ser um semeador da crítica e da livre expressão do pensamento.