Na década de 1970, nos Estados Unidos, o jornalismo investigativo se deparou com um caso emblemático e mundialmente conhecido, o caso Watergate. Tudo começou com a investigação dos repórteres, Carl Bernstein e Bob Woodward, do jornal Washington Post, depois da invasão do prédio Watergate. Esse caso marcou o jornalismo investigativo nos Estados Unidos e levou à renúncia do presidente Nixon, desvendando um esquema de corrupção do governo americano.
No Brasil, o jornalismo investigativo teve força nos anos 90, no caso do Presidente Collor. Em 1991, Fernando Collor foi denunciado por irregularidades no seu governo, mostrada pela imprensa.
Nos dias atuais, o jornalismo investigativo apresenta muitos desafios. Leandro Fortes em “Jornalismo Investigativo”, inicia o livro relembrando a época que começou a apurar. O autor abre a discussão sobre o cotidiano, que apresenta questões que devem ser desenvolvidas no processo de apuração. As mais enigmáticas exigem outra técnica de investigação.
Segundo Fortes, o jornalismo investigativo é a busca excessiva de informação, checagem, rechecagem, uso de pesquisa, coleta de fragmentos, conhecimentos. É um tipo de jornalismo diferente do cotidiano, que tem a fonte definida e um método mais tranquilo de trabalhar. No seu livro ele procurou mostrar que o jornalista investigativo deve procurar evitar a ambiguidade e buscar informações que possam fundamentar a prova.
O papel da observação é um elemento central para escrever. Associar o olhar é uma forma de conhecimento para produzir uma análise.
O jornalista investigativo deve sempre fazer a checagem, ou seja, quem está investigando uma matéria não pode cometer erros de apuração já que ela está usando métodos mais rigorosos. Quem está investigando não pode deixar pistas banais de lado e deve coletar fragmentos … as pistas podem levar a grandes descobertas.
Leandro Fortes adverte que quem está sujeito a ser investigador pode sofrer frustração. A investigação também conduz a lugares errados e a obstáculos que não conseguem ser ultrapassados. O repórter pode encontrar muitas pedras pelo caminho que podem ser difíceis de serem superadas e a apuração se torna mais difícil.
De acordo com o autor, existe uma diferenciação entre o conceito de investigação e denúncia. Na denúncia há um interesse oculto, essa é uma visão metodológica.
Um assunto muito atual é tratado por Leandro: a regulamentação do trabalho jornalístico. Hoje em dia temos crises de coberturas jornalísticas e existe um grau de radicalidade como vimos em algumas manifestações. Não existe regulamentação para o trabalho jornalístico. Se existissem leis definidas, os problemas seriam menores, como por exemplo bases de atuação da profissão. Nesse sentido, ele diz que toda investigação é ética. Nem sempre esse caráter acontece. Existe a área oculta: de negociação de fontes. Existe um lado que não dá para controlar na área investigativa.
A investigação ética busca um caminho bem definido. Busca o impacto que a notícia pode causar. É uma força que desnuda, mostra aquilo que está oculto e busca a verdade. Por isso, existe certo medo do poder público. Não é fácil trabalhar investigando, sempre vão existir barreiras para superar e pedras no caminho do repórter.
Por Juliana Pires Curty.
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Perfil de Juliana Pires Curty
Juliana Pires Curty é estudante de Comunicação Social/ Jornalismo na PUC-Rio. Atualmente no 5º período. Eterna bailarina, apaixonada por dança e pelas letras. Quando era criança tinha o Jornal JT com o primo. Hoje sonha em ser uma jornalista “de verdade”. Passou dois anos estudando relações internacionais. Faz estágio com assessoria de imprensa e tem o Blog da Ju, sobre jornalismo, cultura e entretenimento.