As notícias geralmente são trazidas ou são confirmadas por meio de “fontes”, que é a denominação que damos às pessoas que fornecem informações ou opiniões relevantes para a produção de uma reportagem. As fontes podem ser pessoas de diversos segmentos sociais que vão desde pedestres na rua até presidentes da República. Resumindo, todos podem ser fonte de alguma informação publicável ou de algum fato que pode contribuir na apuração de uma notícia.
Certos assuntos só são publicáveis se houver a confirmação de uma fonte segura e confiável, como no caso das reportagens de denúncias. Toda acusação ou suspeita deve conter provas e na reportagem isso não é diferente. A entrevista de uma fonte pode ser considerada uma prova testemunhal na reportagem, mas às vezes essa fonte pode estar enganada ou mesmo tentar manipular o repórter contando um fato que não condiz com a realidade, seja para atingir alguém ou se beneficiar da publicação de determinada informação.
Tipos de fontes de informação
Fontes Oficiais: são pessoas responsáveis por falar em nome de órgãos oficiais públicos ou privados como empresas, entidades de classe (como sindicatos), instituições (como entidades filantrópicas, Organizações Não-Governamentais ou centros de pesquisa) etc. Entre as entidades e pessoas classificadas como fontes oficiais mais comuns estão o Corpo de Bombeiros, Polícias Civil, Militar e Federal, Prefeituras, Secretarias Municipais ou Estaduais, líderes religiosos, sindicatos e Assessorias de Comunicação. Normalmente, as fontes oficiais são contactadas sempre pelas equipes de apuração de notícia, também conhecidos como rádio-escuta.
Os meios de comunicação de massa (impressos, internet, TV, rádio) podem ser uma forma de pesquisa sobre diversos assuntos, mas não devem ser usados como fontes oficiais, pelo menos sem o devido crédito. Se a notícia já está publicada, o mérito é do repórter e do veículo de comunicação. O que pode ser feito é correr atrás de fontes para confirmar as informações que você encontrou e levar ao seu público algo novo ou inédito.
Fontes Não-Oficiais ou Extra oficiais: são quaisquer pessoas que podem estar isentas de compromisso com a informação repassada como, por exemplo, uma dona de casa que viu ou ouviu algo estranho na casa do vizinho durante um assalto ou um ex-funcionário que sabe de um esquema ilícito na empresa onde trabalhava e resolveu denunciar. Fontes extra oficiais não são garantias de que a informação é verdadeira, mas podem ser um ponto de partida para desdobrar o assunto confirmando ou confrontando o que foi dito por outras fontes.
Press-Releases
Um meio de fontes oficiais manterem contato com a imprensa ou jornalistas é por meio de um press-release, ou release (“libertação” na tradução livre em português) que, no meio jornalístico, significa liberar informações sobre um determinado assunto por meio de textos, imagens ou gravações produzidos pelas Assessorias de Imprensa. Esse material pode servir (ou não) para a composição de uma reportagem, além de sugerirem entrevistas com fontes oficiais, ou seja, seus assessorados ou colaboradores. Entre as fontes oficiais que mais usam o release estão órgãos públicos e empresas privadas.
Preservação da fonte
O artigo 7º da lei federal número 5.250, de 9 de fevereiro de 1967 (Lei de Imprensa) diz que “no exercício da liberdade de manifestação do pensamento e de informação não é permitido o anonimato. Será, no entanto, assegurado e respeitado o sigilo quanto às fontes ou origem de informações recebidas ou recolhidas por jornalistas, radiorrepórteres ou comentaristas.”
Mas, antes de divulgar qualquer informação de uma fonte sigilosa é preciso assegurar-se da veracidade dos fatos por meio de provas, sejam elas gravadas, fotografadas, documentadas ou em testemunho (por meio de uma entrevista gravada). Geralmente, quando o caso é muito grave, como uma acusação de pedofilia, por exemplo, é preciso consultar se a vítima já apresentou queixa à algum órgão responsável como a polícia, PROCON, Ministério Público ou Defensoria Pública. Assim, a publicação da notícia se torna verídica e com menos risco de ser uma inverdade. Diante dessas confirmações é mais seguro gravar com uma fonte sem que ela seja identificada, distorcendo a voz e a imagem do rosto no caso de entrevistas para TV.
A preservação da fonte é usada, geralmente, quando a informação ou entrevista por ela cedida coloca em risco a integridade física ou moral dela ou até mesmo a expõe ao perigo de morte por represália. No caso de entrevistas com crianças e adolescentes (menores de 18 anos) que são vítimas de algum crime ou suspeitas de algum delito é preciso obrigatoriamente preservas suas identidades, de acordo com o ECA – O Estatuto da Criança e do Adolescente.
O outro lado
Nas acusações feitas por uma fonte o outro lado “atacado” deve sempre ser procurado e ouvido pela equipe de reportagem. A parte acusada tem direito de resposta garantido, sem dizer que é mais do que justo ouvir a versão dos acusados ou citados pela fonte.
O artigo 20 da Lei de Imprensa também informa sobre calúnia. Segundo o texto, a prática desse crime pode resultar em detenção de seis meses a três anos e multa de um a 20 salários mínimos. Portanto, muito cuidado para não ser responsabilizado por algo que uma fonte disse, mas que na imprensa apareceu como uma afirmação feita por você.
Como cultivar fontes de informação
Para se ter uma fonte à disposição de atendê-lo é preciso tratá-la como um amigo, claro que sem intimidades, mas com respeito. Telefonar às vezes, perguntar das novidades de algum caso é uma tática, mas existem fontes que não dão esse tipo de abertura. No caso de fontes que não conhecem você, o mais indicado é se apresentar, de preferência pessoalmente.
Às vezes a relação entre fontes e repórteres pode nascer por acaso, em um evento, restaurante ou mesmo nas redes sociais. Conquistar a confiança das fontes pode custar algum tempo.
O comprometimento é outro ingrediente importante para não perder suas fontes. Prometer algo, como publicar um fato ou comentário e não fazer isso pode deixar a fonte descontente e desacreditada em você. O melhor é ser franco e verdadeiro para, assim, exigir o mesmo em troca. Se a relação for verdadeira, você sempre terá uma fonte, mas se a relação for confiável, você corre o bom risco de ter uma informação ou declaração privilegiada dessa fonte.
Por Thiago Moraes
Perfil de Thiago Moraes
Repórter e apresentador de telejornais, Thiago Moraes (31) trabalha com jornalismo televisivo desde 1996, quando iniciou na área técnica (atrás das câmeras). Formou-se em jornalismo pelo UNIFAE, em 2005, na cidade natal (São João da Boa Vista-SP). Pós-graduado em Linguagens Midiáticas e pós-graduando em Jornalismo Econômico pela PUC-SP. Thiago Moraes é autor de mais de 3 mil reportagens televisivas e também escreve para o blog TELE BLOG NEWS – Bastidores do jornalismo em TV.