Com uma oficina sobre a situação do preconceito com os negros no Brasil, a jornalista e diretora da ONG Afroeducação, Paola Prandini, participou da abertura da IV Semana de Comunicação da FAPSP (SECOM FAP) na manhã desta segunda-feira (21/10), na sede da própria faculdade, no centro de São Paulo.
Paola abordou a importância de se combater a discriminação racial, principalmente dentro das escolas e universidades.
Segundo a jornalista, o preconceito nasce não por uma imposição, mas por falta de conhecimento. Ela reforçou que é preciso enfrentar a questão já que, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), 52% da população jovem no Brasil é formada por negros e pardos, sendo que 70% dos negros são pobres.
A palestrante contou alguns casos que ilustram como o preconceito no país ainda forte nos dias de hoje. “Entrei no ônibus indo para o trabalho e fiquei observando que várias pessoas, mesmo tendo um banco vago, não se sentaram, pois nele estava uma pessoa negra. Fiquei indignada!”, afirmou.
Paola falou sobre a importância da Lei Federal nº 10.639/03, que obriga as escolas de ensino fundamental e médio a trabalharem com História e Culturas Africana e Afrobrasileira. Ela explicou que a lei não necessariamente implica na criação de uma disciplina nos currículos escolares, mas inclui esse tema nas disciplinas existentes, levando em consideração que muitas vezes o preconceito está presente desde a escola, quando percebemos que existe uma diferença de tratamento entre as crianças.
Leis como essa alteram a LDB (LEI DE DIRETRIZES E BASES) e têm o objetivo de promover uma educação que reconhece e valoriza a diversidade, comprometida com as origens do povo brasileiro.
“Na maioria das vezes não presenciamos os telejornais ou outros meios de comunicação abordando a cultura negra. Precisamos quebrar esse tabu, dando oportunidade ao público de conhecer esse lado essencial da nossa cultura”, destacou.
No decorrer da palestra, Paola chamou atenção dos alunos para a importância de muitos ali serem futuros jornalistas e, por isso, terem maior responsabilidade com o tema: “Vocês que estão cursando uma faculdade de Jornalismo, como futuros Comunicadores, têm a responsabilidade de mudar essa situação de preconceito, que ainda está tão presente na maioria dos brasileiros”.
Ela complementou: “Poderíamos usar os meios de comunicação, como o rádio e a TV, para dar mais ênfase na luta contra o racismo, fazendo programas e entrevistas com pessoas de ONGs voltadas para esse tema, dando possibilidade do público conhecer mais o assunto e, assim, começar a quebrar o preconceito”.
Por Jorge Eduardo Ramos e Jennifer Souza, alunos do primeiro e do terceiro ano de Jornalismo da FAPSP, respectivamente.
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