Para a disciplina “Jornalismo e Literatura Brasileira” no curso de Jornalismo da Fapcom, retomei o livro “Jornalismo e literatura em convergência” (Editora Ática), do professor Marcelo Bulhões, da época do Mestrado na Unesp, em Bauru.
Como toda reflexão ajuda a (re)lembrar a importância da leitura e do exercício contínuo do jornalista (do foca ou aspirante a uma vaga como tal) em aprender e descobrir algo novo (ou seria descobrir algo velho com um olhar novo?), seguem alguns trechos que renderam boas discussões em sala de aula:
– Ao definir Jornalismo
“(…) Definindo-se historicamente como atividade que apura acontecimentos e difunde informações da atualidade, ele buscaria captar o movimento da própria vida. Seria a natureza do jornalismo tomar a existência como algo observável, comprovável, palpável, a ser transmitido como produto digno de credibilidade. Com isso, prestaria – ou desejaria prestar – uma espécie de testemunho do “real”, fixando-o ao mesmo tempo buscando compreendê-lo. (…) a função e a natureza do jornalismo estão na apuração dos acontecimentos, no esforço pela “isenção” e pela “imparcialidade” diante do mundo concreto. Assim, para a atividade jornalística prevalece a noção de que a linguagem é meio, é medium, não fim.” (p. 11 e 12)
– Ao definir Literatura
“A natureza da literatura, por sua vez, parece ser outra e até oposta à do jornalismo. Trata-se de dotar a linguagem verbal de uma dimensão em que ela não é meio, mas fim: tomá-la como matéria de si, portadora de potencialidades expressivas. Na literatura, a linguagem não é meramente figurante, mas centro das atenções. Nesse sentido, se há algo para comunicar na literatura, esse algo só existe pelo poder conferido à conduta da própria linguagem. Não se trata exatamente de afirmar que não existe mundo algum fora da experiência da linguagem. Mas de supor que para a realização literária tal mundo só importará se o verbal que o transmitir estiver, por assim dizer, transmudado, recriado, destituído de sua função cotidiana e costumeira. Com isso, vem a constatação de que a razão de ser da literatura não é exatamente a comunicação.” (p. 12)
Será que o graduando lembra-se disso entre as pilhas de trabalhos e matérias para fechar o semestre? Será que os profissionais retomam estes detalhes, de vez em quando, para não se esquecer da essência da prática jornalística, mesmo com a pauleira e a pressão do dia a dia tomam conta?
Referência bibliográfica:
BULHÕES, Marcelo Magalhães. Jornalismo e literatura em convergência. São Paulo: Ática, 2007.
Por Fernanda Iarossi
Perfil da Autora
Jornalista, Mestre em Comunicação Midiática (Unesp) e Professora nos cursos de Graduação em Jornalismo, Tecnológico de Produção Multimídia – Gestão de Conteúdos Multimídia e Mídias Sociais e Pós em Comunicação (Revistas em Plataforma Multimídia: criação, gestão, desenvolvimento e edição e Jornalismo Cultural) pela Fiam-Faam/FMU e Fapcom.
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