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Jornalismo e Porto: Mercado em Expansão?

Estivadores a disposição de cargas e descargas de navios, caminhoneiros chegando e partindo em longas viagens, grandes equipamentos e o constante vai e vem de pessoas, notícias e fatos. Dentro desse ambiente rotativo e em constante mutação, cada vez mais se destaca a figura do jornalista, que hoje, mais do que apenas cobrir os acontecimentos que interferem na economia para cadernos específicos dos grandes veículos de comunicação, assume papel de destaque e cada vez mais reconhecido dentro do maior Porto da América Latina.

A movimentação de cargas nas instalações portuárias brasileiras cresceu 2,03% em 2012. No mesmo ano, o Porto de Santos importou 23,331,382 toneladas e exportou 61,046,769. O Complexo Portuário Santista responde por mais de um quarto da movimentação da balança comercial brasileira. Sua área de influência primária concentra mais de 67% do PIB e cerca de 70% da balança comercial e possui capacidade de movimentação de 115 milhões de tonelada em uma área de 7,7 milhões de m².

Nos últimos anos, mais do que se destacar apenas como importante para a economia nacional, o Porto tem recebido cada vez mais jornalistas para atuar, direta ou indiretamente, em seus produtos e serviços. “A área portuária é muito rica profissionalmente por dois motivos: ela esta em constante transformação e consegue ser plural, englobando vários segmentos em um só, como comércio exterior, frete e logística” afirma o colunista do caderno “Porto & Negócios” do Jornal Diário do litoral, Alessandro Padin.

Há quatros anos atuando no segmento portuário, Padin acredita que o exercício do jornalismo na área, além de fascinar e expandir o campo de atuação, permite que o profissional que lide com esse mercado se torne um “correspondente” do setor. “Hoje há uma ampla rede de publicações que cobrem o Porto. Revista, portais, sites, jornais, blogs: a maior parte com equipes muito bem preparadas e conteúdo lido e respeitado. A rede de contatos também é muito vasta. Certa vez, enquanto cobria um evento, fui chamado para trabalhar como freelancer para uma publicação do Nordeste, por exemplo.”

Porto de Santos 2

O ingresso da imprensa na área portuária pode ser analisado com base na atual situação econômica do país e mais especificamente, da Baixada Santista. O grande acontecimento dos últimos anos foi a participação do Brasil no mercado internacional e a maior parte da riqueza do país, entra pelo porto. Conforme estimativas da Codesp – Companhia de Docas de São Paulo, administradora do terminal, serão investidos ao longo dos próximos 10 anos cerca de R$ 7 bilhões na área, a fim de cumprir a demanda de crescimento até 2024. Esse é mais um dos fatos que colocam o setor no centro das grandes discussões sobre economia.

“O Porto deixou de ser um assunto específico para entrar no caderno de política e economia. Com os atuais investimentos e recordes de movimentação, o setor chama atenção. Onde tem investimento e empresas disputando negócios em um determinado cenário, tem imprensa cobrindo e profissionais se deslocando para a área”, avalia Alessandro Padin.

Aprendizado constante e desafios – Atuante há um ano na Codesp, o jornalista Paulo Silveira ressalta que o principal obstáculo do profissional que ingressa na área portuária é a necessidade de aprender a linguagem e toda a legislação e burocracia que o setor envolve. “É algo específico. Demanda certo tempo para entender como tudo funciona, mas faz parte da profissão ter a curiosidade de aprender de tudo um pouco. Não é tão difícil, basta ter empenho.”

Paulo faz parte da ramificação do setor que também tem ganhado espaço dentro da história jornalística na área portuária: o crescente número de assessorias de comunicação que abrem oportunidades para jornalistas ingressarem no setor.

Embora se destaque como um cenário promissor, ainda são poucos os estudantes do curso de graduação que se interessam pela área, considerada o “terror” dos jornais laboratórios das universidades situadas na zona portuária. Alessandro Padin considera esse o contraponto central da relação entre Jornalismo e Porto. “A falta de formação e empenho dos estudantes refletem tanto no mercado, quanto nas redações. Muitos estudantes entram na faculdade em busca do glamour, que na verdade não existe. Há muito desinteresse e desinformação, mas vejo boas perspectivas para quem escolhe essa área. Existem grandes oportunidades, na mesma proporção que se exige muito conhecimento e constante exercício da humildade e curiosidade jornalística.”

Mercado propício para publicações segmentadas – A importância e o crescimento do setor, alinhado com a imprensa voltada para esse mercado, permitiu também a criação de diversas publicações que lidam exclusivamente com o tema.

Layout 2

A editora Update, fundada em 1992 é focada em comércio exterior e publicações voltadas para área portuária, além de ser responsável pela criação da Intermodal South America, maior e mais importante feira e conferência de logística em comércio exterior do mundo. Em 2012, durante a Intermodal, foi lançado o “Guia Portuário”, considerada a mais completa publicação de que se tem conhecimento nesse setor.

O Publisher, Martin von Simson, destaca a importância do Porto dentro do mundo atual e da formação contínua de jornalistas. “O profissional que queira trabalhar nessa área, precisa estar em constante atualização e ter conhecimento em análises de dados. O Guia Portuário é desenvolvido por três jornalistas, por meio de banco de dados e pesquisas, fazendo levantamento de todos os terminais públicos do País. O mercado é mundo amplo”, finaliza.

Por Rafaella Martinez Vicentini.

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Perfil de Rafaella Martinez Vicentini

Rafaella Martinez

Rafaella Martinez Vicentini é karateca, técnica em segurança no trabalho e uma eterna apaixonada por livros, palavras e fotografias. Estudante do 6º semestre de Jornalismo da Universidade Santa Cecília, por amor, divide sua rotina entre várias atividades. Além do serviço formal como TST, é editora da “Sessão de Terapia” da revista digital santista Sanatório Geral de Artes Visuais e mantém um blog pessoal, o Pensamentos Soltos.

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