A Semana de Jornalismo da Faculdade Cásper Líbero recebeu na noite da última quinta-feira (02/10) a palestra sobre Jornalismo Gastronômico. Na mesa mediada pela professora Helena Jacob, estiveram presentes os convidados Alessandra Blanco, do blog Comidinhas; Ailin Aleixo, do site Gastrolândia, e Ricardo Castilho, diretor da revista Prazeres da Mesa. Os participantes iniciaram a conversa contando as razões que os fizeram seguir esse ramo jornalístico.
Alessandra Blanco, que atualmente está finalizando a migração de seu blog para a Vogue, disse que quando o iniciou, há nove anos, sentia a necessidade de se reaproximar com o prazer em escrever. Já com mais de 15 anos atuando como jornalista, Alessandra decidiu seguir o caminho da gastronomia após voltar de uma viagem que fez à Costa Amalfitana. Ela destacou também que o “boom” que aconteceu na área nos últimos 15 anos tende a provocar um período de estagnação do setor nos próximos anos. Ao ser perguntada sobre a necessidade de saber cozinhar, Alessandra diz que não é necessário ser um ótimo cozinheiro, mas que é sim primordial saber as técnicas culinárias utilizadas na elaboração dos pratos.
Para o diretor e sócio da revista Prazeres da Mesa, Ricardo Castilho, o senso comum de que os anunciantes controlam as publicações é equivocado. “As publicações têm autonomia. Inclusive, estou organizando um evento no qual o tema é o pequeno produtor, as plantações orgânicas. Isso atrai pouco patrocínio, 60% a menos que no evento do ano passado, que o tema era outro. Nem por isso desistimos do projeto”. Para ele, o que é mais importante é o respeito da publicação a inteligência do leitor, e em seguida, o respeito aos anunciantes. “Se sei que na edição de um determinado mês a avaliação de um produto foi ruim, não é correto aceitar um anúncio do fabricante desse produto.”
Segundo a publicitária e jornalista Ailin Aleixo, o profissional que decide se dedicar ao jornalismo gastronômico tem que se comprometer em aumentar seus referenciais, isto é, comer muito, viajar muito, conhecer o terroir daquilo que pretende escrever, pois só dessa forma terá o repertório necessário. Ela aponta, também, que o jornalista deve ter a difícil missão de se situar e não deixar-se contaminar pela convivência em um mundo ao qual não pertence, por exemplo, não confundir a proximidade jornalística a ponto de comprometer a isenção de seu trabalho.
Quanto à diminuição do número de profissionais nas redações, Ailin é enfática: “O presente nos leva a crer que no futuro todos seremos freelas. O jornalismo de carteira assinada tende a dar lugar a um jornalismo onde a receita para a sobrevivência é a inovação.”
Perguntada sobre o nicho dos vegetarianos, a jornalista disse ser mais interessada em direcionar o tema não apenas aos vegetarianos e veganos, mas, sim, mostrar ao público em geral a necessidade de consumo de produtos que façam bem a saúde. “Isso é uma questão de saúde pública. O corpo humano depende de uma série de reações químicas. Se nos alimentarmos de maus compostos químicos, isso diminui nossas capacidades.”
Tratando sobre as próximas tendências na área, Ailin diz que está surgindo um redescobrimento da cozinha de raiz, um movimento de valorização da simplicidade. “É mais fácil você disfarçar as imperfeições de um prato com muitos ingredientes, mas um prato simples não tem como enganar.”
Por Rafael Serra.
Perfil do Autor
Rafael Serra, 23, estudante de jornalismo na Faculdade Cásper Líbero. Apaixonado por esportes e música, vê no jornalismo uma maneira de tornar o mundo um lugar mais justo.