Ética, desafios e relações com o poder judiciário na produção de reportagens investigativas para a televisão. Esses foram os temas abordados na palestra “Os Bastidores do Jornalismo Investigativo”, comandada pelo coordenador de produção do SBT, Rodrigo Hornhardt. O encontro, voltado aos estudantes de jornalismo, foi promovido pelo SENAC Lapa na noite de quarta-feira, 10, em São Paulo.
Hornhardt apresentou algumas reportagens que foram produzidas ao longo de sua carreira, com conceitos sobre jornalismo investigativo, os recursos que são utilizados, questões de ética, relações com o poder judiciário e o trabalho conjunto com a Policia Federal e o Ministério Público Federal.
Definição e Recursos
Segundo o jornalista do SBT, não existe um conceito delimitado em relação ao jornalismo investigativo. “Não há como deixar explicito o significado. Há mais uma postura sobre a abordagem dos temas do que um conceito delimitado sobre o campo de trabalho. É a aprimoração de técnicas e temas para contar novas histórias”.
Com o advento da internet e o surgimento de novas mídias, há maior necessidade de atrair telespectadores, avaliou o palestrante. Os jornalistas revelam o processo na elaboração da reportagem, desde a escolha da pauta às dificuldades que enfrentam até o fechamento. “Um recurso novo e interessante é revelar o processo da feitura da reportagem, seja na televisão ou no impresso. Isso de alguma forma traz o leitor para dentro da narrativa, pois o jornalista assume problemas até o fechamento da reportagem”, afirmou.
Desafios e compromisso com a ética
O jornalista revelou que a elaboração de reportagens para televisão requer maior trabalho em equipe e há dificuldades para gerenciar todas as pessoas. “Há todo um risco em volta e muitas horas extras, na busca por elementos suficientes e uma apuração rigorosa. O jornalismo investigativo parte do pressuposto de que há algo de errado”. Hornhardt ressaltou, ainda, que o compromisso com a ética é essencial na profissão, além de ter conhecimentos sobre os poderes Legislativo e Judiciário. “Postura ética é a capacidade de se indignar com os fatos, e estar ao lado dos menos favorecidos. Dominar a legislação e ter conhecimento sobre o judiciário é uma necessidade para o exercício da nossa profissão”.
Trabalho conjunto com o MP e a PF
Para o coordenador de produção do SBT, algumas reportagens ajudam o Ministério Público e da Polícia Federal. “Algumas reportagens acabam colaborando com o trabalho do Ministério Público e da policia”. Hornhardt critica, no entanto, que a Justiça tem atuado de forma a dificultar o trabalho da imprensa. “Estamos em um momento muito complicado, pois a Justiça tem sido muito benévola, muitos casos são censurados”, lamentou.
Por Kelly Mantovani.
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Perfil de Kelly Mantovani
Pisciana, paulistana da gema e amante de bons livros. Estudante do terceiro semestre de Jornalismo na FIAM (Faculdades Integradas Alcântara Machado), atua como estagiária em Assessoria de Imprensa na Prefeitura de São Paulo e contribui com muito orgulho sugerindo pautas para a Casa dos Focas.