Entre os dias 06 e 08 de setembro de 2013, aconteceu no Memorial da América Latina, em São Paulo, o II Salão Nacional do Jornalista Escritor. A relação entre literatura e jornalismo e o mercado dos livros-reportagens foram os principais temas abordados por diversos profissionais da área.
Abaixo, seguem algumas frases ditas no evento. Concordando ou não, servem de reflexão.
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Hélio Campos Mello
“É simples fazer uma matéria com recursos literários:
– Tenha algo bom para contar;
– Entreviste os personagens;
– Equilibre esses personagens;
– Olhe! Repare! Não só o centro da notícia, mas nos detalhes.
– Conte a história da maneira com você a sentiu.”
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Cassiano Elek Machado
“O jornalista precisa ter curiosidade e vontade. Para a história ficar interessante, ele precisa dar um olhar diferente, uma voz diferente. Cada um tem uma forma de narrar um mesmo fato.”
“Não podemos esquecer que contar uma história é invadir um cenário. Fazer um perfil é desnudar uma vida.”
“Sempre transmitimos nossa visão pessoal de mundo no que publicamos.”
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Fernando Morais
“Cada um vai ter um olhar sobre a história. Os quatro evangelhos nada mais são do que a visão de cada evangelista sobre um mesmo acontecimento.”
“As histórias ainda estão nas ruas. Isso nunca vai mudar.”
“Quando estou escrevendo, coloco na frente da minha mesa fotos dos personagens aos quais me refiro, para não perder de vista suas características.”
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Ricardo Ramos Filho
“Qualquer pessoa que conversava com meu pai, quando acabava, ele dizia: obrigada, você acabou de me dar um conto. Acho que esse é o tal olhar jornalístico.”
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Alberto Dines
“Para fazer uma biografia, seja repórter. O processo é o mesmo.”
“Quando você escreve uma biografia, você vai construindo o outro e se refazendo na análise do outro.”
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Lira Neto
“Ninguém decretou que as pessoas não gostam de ler. Elas gostam de ler grandes histórias e elas existem e estão pedindo para serem contadas. Falta apenas alguém para contá-las.”
“Quando você invade a vida de alguém para contar sua história, você passa a amar e odiar essa pessoa na mesma medida.”
“É preciso ter noção de que quando escrevemos, o fato em si já se perdeu. O que resta são as versões que você retira daquilo. A memória é traiçoeira porque ela é construída e seletiva, daí a importância de se pesquisar – e muito. Além de sermos jornalistas, nos tornamos passo a passo, historiadores.”
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Ricardo Kotscho
“Definição de sucesso: se ao longo dos anos o que você escreveu correspondeu à realidade dos fatos”
“Além de talento tem que ter paixão. Tesão. Jornalismo só tem sentido se você não souber e não quiser fazer mais nada além disso.”
“Não importa a ferramenta ou o espaço: tudo isso é meio. O que faz a diferença é a história.”
“Eu gosto de contar histórias. Eu VIVO disso.”
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Mino Carta
“O jornalismo é sempre subjetivo. Conta o que viu. Quem escreve pensa em si mesmo, ele mesmo quer se exprimir”
“Hoje o repórter não escreve com as próprias mãos. Muito menos com a cabeça. Temos um jornalismo de 5ª categoria.”
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Carlos Chaparro
“O grande acontecimento dos últimos anos não foi a internet propriamente dita e sim o desaparecimento do intervalo acontecimento/notícia. É preciso saber lidar com isso. Não adianta querer adaptar o mundo ao jornalismo. O jornalismo que precisa se adaptar ao mundo.”
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Carlos Andreazza
“Você vira a página do jornal. O livro permanece.”
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Ricardo Viveiros
“Foi o jornalista que sou que ensinou o meu eu escritor a escrever. Ver a vida como repórter: isso é matéria pura para a inspiração acontecer.”
“Ao tirar o valor do diploma, houve uma seleção natural. Hoje, creio que só faz a faculdade quem é realmente apaixonado por isso.”
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Domingos Meirelles
“Ser jornalista me ensinou que lá na rua tem uma realidade: de medo, de fome…de amor e fé também.”
“É a única profissão que permite que tenhamos três aulas magnas por dia sobre assuntos completamente diferentes. Acabamos nos tornando um pouquinho de tudo.”
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Fernando Coelho
“A alma do jornalista esta impregnada de palavras, textos e sabedoria.”
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Ivan Marsiglia
“O jornalista e o ser humano. Até que momento cada um age?”
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Caco Barcellos
“Quando tive a ideia de criar o Profissão Repórter eu queria garantir o mínimo de respiros e olhares diferentes sobre um fato. Querendo ou não, quando saímos às ruas levamos conosco nossas ideologias, nossas preferências religiosas e nossos conceitos.”
“A arte da reportagem é de natureza extremamente complexa, pois é um processo sem fim. Sempre será possível apurar mais e melhor.”
“O que predomina no noticiário construirá a história do nosso tempo. O olhar que vamos impor a partir do nosso envolvimento na história vai fazer a diferença lá na frente. Contribuímos com o futuro, ao relatar o presente.”
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Audálio Dantas
“A presença de vocês aqui hoje mostra que há salvação para este mundo mercantilista que a gente vive.”
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Por Rafaella Martinez Vicentini
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Perfil de Rafaella Martinez Vicentini
Rafaella Martinez Vicentini é karateca, técnica em segurança no trabalho e uma eterna apaixonada por livros, palavras e fotografias. Estudante do 6º semestre de Jornalismo da Universidade Santa Cecília, por amor, divide sua rotina entre várias atividades. Além do serviço formal como TST, é editora da “Sessão de Terapia” da revista digital santista Sanatório Geral de Artes Visuais e mantém um blog pessoal, o Pensamentos Soltos.