Quando falamos que somos jornalistas, muita gente acha a coisa mais simples do mundo. “Ah, você escreve”, como se todo aquele que sabe ler e escrever pudesse ser um repórter (por acaso todo aquele que sabe fazer conta pode ser um matemático?). “Ah, nem precisa de diploma, né?”, como se os anos de estudo e dedicação que você passou na faculdade, em cursos e afins, fossem desprezíveis. “Ah, você tem um blog“, como se você fosse só mais um a criar uma página na internet e esteja brincando de ser repórter.
Não, queridos, não é assim. Não saímos publicando coisas aleatoriamente. Apuramos e informamos. Não pegamos as informações e publicamos de qualquer maneira. Primeiro pesquisamos, contextualizamos assuntos, cruzamos informações e ouvimos pessoas.
E se você aperta o sujeito entrevistado em algumas perguntas, não é que você tenha segundas intenções ou seja tendencioso (no caso dos éticos, claro), apenas está cumprindo seu dever de apurar com excelência. Um jornalista deve sempre buscar o máximo de informações para seu entendimento do assunto, independentemente do quanto irá utilizar em sua matéria (e se você deu uma entrevista longa e a matéria publicada foi pequena, a probabilidade de o jornalista ter trabalhado duro para conseguir selecionar os pontos chave é muito grande).
E quando escrevemos uma reportagem, desde a construção do lead (se você não sabe o que é e fala mal de jornalista, vá pesquisar) ao último ponto final do texto, você está pensando em inúmeras coisas além do que foi apurado, como qual o público que vai ler, que dúvidas ele pode ter, qual o veículo para o qual você está escrevendo, se há cunho factual, se os dois “lados da moeda” estão no texto ou porque um dos lados não está. E nesse balaio de gato, para cada escolha, você também se lembra do que aprendeu com professores, editores, chefes de reportagens e nos livros.
E tem mais: jornalista não dá opinião. Ele pode ser um comentarista se dominar um assunto X (o que ocorre por estudo ou experiência extra à do ofício de jornalista, assim como com outros profissionais – médicos, economistas, cientistas políticos, historiadores, etc).
E se a imprensa é tendenciosa, reflita se a empresa para a qual você trabalha não é também. A resposta será sim. E isso significa que você não está sendo bom profissional e concorda com ela? Como em toda profissão, existem bons e maus. Não ache que você sabe como são todos os jornalistas.
Por Deisy de Assis
Perfil da Autora
Deisy de Assis formou-se em 2009 em Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo na Universidade São Judas Tadeu (USJT). Começou atuar como repórter durante seu estágio na empresa Folie Comunicação, onde permaneceu de por três anos e escreveu para veículos institucionais (Jornal São Judas e Expresso PwC), além de contribuir com trabalhos de comunicação interna.
Em 2010 ingressou como repórter da editoria de Cidade do jornal Guarulhos Hoje. No ano seguinte chegou à redação dos jornais Folha Metropolitana e Metrô News, onde permaneceu até 2015 como repórter de Cidade. Neste período, manteve ainda a página “Pets & Patas”, focada em reportagens sobre guarda responsável de cães e gatos, que rendeu uma premiação com o Selo Ambiental 2012, promovido pela Prefeitura de Guarulhos.
Atualmente, Deisy de Assis é redatora no portal FecomercioSP e mantém um blog com reportagens sobre dança árabe.
(…) “Não, queridos, não é assim. Não saímos publicando coisas aleatoriamente. Apuramos e informamos. Não pegamos as informações e publicamos de qualquer maneira. Primeiro pesquisamos, contextualizamos assuntos, cruzamos informações e ouvimos pessoas”.(…) De fato, é exatamente isto que aprendemos nas faculdades de Comunicação e Jornalismo, e DEVERIA SER ASSIM, mas na maioria das vezes não condiz com a verdade. Tenho vários exemplos do péssimo jornalismo que ora é feito pelas grandes empresas de comunicação, que me fizeram rasgar o diploma e desistir da carreira.