A importância da leitura multidisciplinar para um estudante de jornalismo é fundamental e todo mundo sabe disso – ou pelo menos deveria saber. O que muita gente esquece é que para a formação do jornalista são importantes não apenas os livros teóricos sobre a profissão, mas a leitura de reportagens que se tornaram grandes obras, e que por sua qualidade na apuração detalhada e resultados de grande importância para a sociedade, se tornaram best-sellers.
Duas obras que tive a oportunidade de ler e que foram extremamente importantes para estimular em mim uma reflexão sobre compreender o que me cerca, foram “Rota 66” de Caco Barcellos e “Carcereiros” de Drauzio Varella. Ambos os livros rodeiam entre histórias de crimes, assassinatos, postura policial e questionamentos que, talvez, nunca possam ser respondidos.
O que gera interesse e faz com que eu indique ambas as escritas, é que tanto Caco, quanto Drauzio trazem realidades amargas e distantes dos focos da grande imprensa. A construção com riqueza de detalhes e argumento de quem esteve presente no cenário, desenham perfeitamente as cenas. São vivências que vão muito além do que o senso comum nos proporciona. É claro que devemos interpretar com bastante cuidado o que é descrito, mas são histórias que devem e precisam ser contadas.
Caco mergulha na investigação da Rota, a polícia que mais mata em São Paulo e quase que ilustra os fatos. Rico em fontes, dando ‘nome aos bois’ e colocando o dedo na ferida, o jornalista acompanha novas histórias durante a pesquisa e também tira do baú outras tantas esquecidas em meio a milhares de processos que a corporação é submetida.
Já Dr. Drauzio, com a calma que lhe é peculiar, descreve os dias em que viveu exercendo a medicina como voluntário no emblemático Carandiru, além de outros pequenos presídios de São Paulo e região. O médico conta com sensibilidade as situações, hora engraçadas e hora inacreditáveis, que viveu e ouviu serem contadas por quem dedicou a vida às grades.
Seria covardia minha citar aqui, algum ponto fora de um contexto geral, que tanto um livro quanto o outro tenha trazido ao leitor. Essas obras merecem tempo dedicado exclusivamente à elas e muito estômago para digerir histórias, muitas vezes, inconcebíveis à nossa imaginação.
Por Camila Cardoso.
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Perfil de Camila Cardoso
Estudante de comunicação, futura jornalista brasileira, paulistana e cidadã do mundo. Apaixonada pelas palavras em todas as suas formas. Escolhi o jornalismo por pura paixão, mas também por vocação. Não seria capaz de escolher para a vida outra coisa. Experiência em produção de conteúdo para blogs e atuando em assessoria de imprensa. Poucas voltas, muitos sonhos.