A política também foi atingida com a mudança nos paradigmas da comunicação. Assim como outras atividades, os políticos estão perdidos diante das novas mídias. Muitos pararam no exemplo de obter dinheiro como na campanha de Barack Obama, realizada via Twitter. Outros se contentaram em montar sites ou perfis no Facebook. Mas isso não é suficiente. De uma maneira geral estão abobados diante dos inúmeros canais de comunicação e a força que o cidadão ganhou com o advento do smartphone. Agora ele pode não só procurar informações do trabalho de sua excelência, como fazer uma busca em seu passado político. Pode mesmo saber se está sendo processado ou já foi condenado por algum crime cometido. O eleitor perde passividade não só porque tem inúmeros canais de informação a sua disposição, mas porque pode repicar, redirecionar, divulgar as informações que julga relevantes do mundo político.
O Estado está perdido no turbilhão de informações. Não é capaz de processar tudo o que circula na rede e muitas vezes não tem nem condições de rebater o que é errado. Primeiro porque não detecta a informação à tempo, depois precisa de credibilidade, reputação para contradizer o que está circulando na rede. Os meios de comunicação tradicionais que utilizavam para controlar a opinião pública esboroaram. Não estamos mais na época da ‘Voz do Brasil’, quando a família se reunia em volta do rádio para ouvir a voz do mandatário: “Trabalhadores do Brasil!!!”. As emissões na rede se tornaram um poderoso instrumento de crítica ao Estado e ao governo nos níveis federal, estadual e municipal. Graças a esses canais o Estado não controla mais o fluxo de informações ainda que queira bloquear os servidores. Só em Estados onde não existe internet isso é possível, ainda assim o wi-fi e fontes de acesso fora do seu território podem burlar esse controle. Há exemplos contemporâneos como no Irã e China. Talvez só a Coreia do Norte tenha controle absoluto.
Os movimentos rebeldes descobriram as mídias sociais para solapar a confiança do Estado. Não basta fazer reféns e matá-los. É possível montar um espetáculo dantesco com os reféns ajoelhados, todos vestidos com a mesma cor, um carrasco ao lado segurando uma faca. Promove-se a decapitação e depois o vídeo é distribuído globalmente. O compartilhamento é imediato até mesmo por quem o considera um horror. A mídia tradicional divulga sua existência e os sites de notícias editam para tirar os momentos mais horripilantes. Graças as novas mídias os radicais peitam o Estado. Desestruturam a confiança que a sociedade tem nas forças nacionais de segurança. Os terroristas de todos os matizes tornaram-se diretores de espetáculos e sabem o impacto psicológico que sua produção “cultural” provoca no inimigo. Não são apenas as empresas de comunicação que estão perdidas. A comunicação do Estado também está e ninguém sabe, pelo menos até agora, onde isto tudo vai dar.
Por Heródoto Barbeiro
Perfil de Heródoto Barbeiro
Heródoto Barbeiro é jornalista, âncora do Jornal da Record News e do R7, diariamente as 21h. Ex-apresentador do Roda Vida da TV Cultura e do Jornal da CBN. Autor de vários livros na área de treinamento, história, jornalismo e budismo.