O grupo extremista jihadista auto proclamado Estado Islâmico publicou em 14 de setembro seu terceiro vídeo, com a decapitação de mais um refém ocidental.
Dessa vez, após a morte dos dois jornalistas americanos, o britânico David Haines, trabalhador de uma organização humanitária foi executado, como forma de ameaça à Grã-Bretanha. O vídeo dirigiu a mensagem ao primeiro-ministro inglês David Cameron, como resposta por ter aliado o país à coalização comandada pelo Estados Unidos contra a organização sunita.
Nos casos anteriores, os jornalistas americanos James Foley e Steven Sotloff foram mortos em vídeos similares ao publicado recentemente. O repórter de guerra brasileiro, André Liohn, amigo próximo dos dois jornalistas executados, comentou o ocorrido. André aponta que o Estado Islâmico descobriu uma maneira de chocar a sociedade, promovendo assassinatos de grande proporção, e publicando em seguida.
“Nós vivemos uma sociedade de radicais. Numa sociedade em que existe uma síndrome do protagonismo. Um dia, um menino é um cantor de rap frustado por não conseguir nada, no outro dia está mandando recado pro Obama, cortando o pescoço de uma pessoa. Estranho que ele tenha coragem pra fazer isso, mas ele tem”. O jornalista ressaltou o objetivo do trabalho como fotógrafo de guerra: “O jornalismo tem duas funções muito claras: informar e mobilizar. Não direcionar, mas fazer com que as pessoas se mobilizem. A fotografia não tem essa capacidade de curar ferimentos. Mas existem atores que são capazes de fazer isso. E mobilizar estes atores, sem direcionar, é o grande desafio”.
Em parceira com o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), o fotógrafo inaugurou quarta-feira, 10, uma mostra no Museu Nacional da Saúde, em Brasília, que retrata a ameaça aos profissionais da saúde durante os conflitos, ressaltando importância de grupos armados respeitarem estes funcionários. Da mesma forma, Liohn destaca também o trabalho do Comitê de Proteção aos Jornalistas, que busca fazer com que estes grupos respeitem a integridade do jornalista. A mostra faz parte de uma campanha do CICV intitulada “Assistência à saúde em perigo”, que chama a atenção para a negligenciada questão da violência contra estes profissionais humanitários.
Por Thiago Garcia
Perfil do autor
Thiago Garcia é aluno de Relações Internacionais pela PUC-SP, com interesse nos temas de refúgio e conflitos armados e a atuação das organizações internacionais nesse ambiente.