O termo “Imprensa Marrom” foi inspirado na expressão norte-americana “yellow press” (imprensa amarela) que surgiu no final do século XIX de uma disputa entre os jornais New York World, editado por Joseph Pulitzer e The New York Journal, editado por William Randolph Hearst.
O jornal de Pulitzer, apelidado de “World”, era o soberano em Nova York, e publicava aos domingos uma história em quadrinhos criada por Richard Felton Outcault, cujo principal personagem era um menino orelhudo, careca e sorridente, que vestia uma camisola de dormir amarela. Ao invés de balões, a fala do protagonista era escrita em sua camisola. Devido o forte tom amarelo de sua roupa, o personagem ficou conhecido por “Yellow Kid”.
Quando Hearst passou a dirigir o seu diário, o “Journal” contratou Outcault para desenhar o “Yellow Kid” em seu jornal. Sem se dar por vencido, Pulitzer continuou a publicar o “Yellow Kid” no “World”, mas agora era desenhado por George Luks.
A disputa entre os dois jornais pelo personagem de quadrinhos, e principalmente pela liderança nas vendas, foi tão marcante que os críticos ao estilo sensacionalista do “World” e do “Journal” começaram a utilizar o termo “yellow press” (imprensa amarela) para jornais que tinham uma linha editorial baseada no sensacionalismo e abusavam de manchetes em letras garrafais, grandes ilustrações e exploração de dramas pessoais.
Do amarelo para o marrom
A mudança de cores tem diversas versões. Uma delas diz que se fez uma apropriação do termo francês para procedimento não muito confiável: imprimeur marron (impressor ilegal), expressão utilizada na França para designar os jornais impressos em gráficas clandestinas.
Segundo Alberto Dines, o termo foi utilizado pela primeira vez em 1960, quando ele, ao noticiar no Diário da Noite o suicídio de um cineasta, escreveu que a tragédia era o resultado da atuação irresponsável da “imprensa amarela”. A vítima havia sido chantageada pela revista Escândalo. Ao passar pelas mãos do chefe de reportagem, Calazans Fernandes, a expressão foi alterada para “imprensa marrom”, pois segundo ele o amarelo era uma cor alegre, e o marrom seria mais apropriado por ser a cor dos excrementos.
Expressão racista?
Há ainda uma terceira versão segundo a qual a cor marrom seria de forma racista ligada a clandestinidade e ilegalidade, por associação aos escravos que fugiam ou viviam de forma ilegal no país.
Independente de sua origem, o termo nos alerta para um tipo de imprensa que se sustenta através de manchetes escandalosas, geralmente impressas em letras garrafais nas cores preta ou vermelha, espalhando uma excitação, muitas vezes sobre notícias sem importância alguma, com distorções e falsidades.
Olá,Emílio,parabéns pelo belo trabalho. Grande contribuição, para nós, pesquisadores.
Suas informações foram muito úteis para uma análise sobre o documentário Cercados. Sou professora pesquisadora em Análise do Discurso. Fico encantada quando me deparo com pessoas que sabem que a disseminação do conhecimento é o maior bem para a humanidade e atuam de verdade para que isso ocorra. Abraços!
Olá, professora Dilma! Tudo bem? Fiquei muito feliz ao ler seu comentário. A intenção da Casa dos Focas é exatamente esta. Desejo todo sucesso do mundo para você e para os seus alunos! Contem conosco! 😉