O repórter é um profissional subestimado hoje em dia. A crise do jornalismo e o surgimento de mídias alternativas deram a impressão de que qualquer um pode exercer sua função sem precisar de um diploma. Mas, afinal, o que é ser repórter? A Faculdade Cásper Líbero chamou para debater a questão, no dia 03 de outubro (sexta-feira), o diretor de conteúdo do grupo Estado, Ricardo Gandour.
Para ele, um repórter deve ser formado por três ingredientes principais: atitude jornalística, “Um estado de espírito que nos faz nunca se contentar com o que nos é mostrado. Nós sempre queremos perguntar o que alguém não quer responder”; a humildade, que move o repórter para ir atrás de novas e mais profundas informações sobre um assunto; e método para saber em quais lugares buscar, quem consultar, etc.
Algumas dessas capacidades são, se não construídas, afiadas durante a graduação do curso de jornalismo. Atualmente, no entanto, não é mais obrigatório que se tenha o diploma para exercer a profissão de repórter. Gandour concorda com a não obrigatoriedade, mas se explica, “Isso seleciona as melhores faculdades e, tê-lo [o diploma], significa ter uma preparação maior. Eu, quando contrato, sempre dou preferência para o jornalista de formação”.
Destacou que, para fazer reportagens de qualidade, é necessário uma capacidade narrativa específica, ensinada na faculdade de jornalismo, “Aperfeiçoar uma história com o máximo de precisão possível é o que as pessoas precisam para entender com clareza o que está acontecendo”. Isto é de extrema importância, segundo ele, porque a informação correta é o que dá plena liberdade às pessoas, “Quanto mais eu promover a clareza informativa, mais as pessoas vão ter clareza para tomar suas decisões e fazer suas escolhas e essa é palavra mágica da liberdade: a possibilidade de escolher”.
Alertou, porém, para os perigos de ser repórter hoje em dia. Afirmou que, pela facilidade de se ter praticamente o mundo dentro de um notebook, o profissional pode ficar acomodado, deixando de ir à rua fazer notícia. Isso pasteuriza a informação e dificulta identificar o que é realmente reportagem. No entanto, disse também, acreditar que a tecnologia cria novas funções dentro de uma redação, pois é preciso saber manejar essa ferramenta.
Apesar das dificuldades, Gandour seguiu com numa nota positiva, disse, “A missão do jornalismo nunca foi tão importante”. E encerrou com uma perspectiva otimista para o futuro, “O jornalista não vai deixar de ser importante, pois sempre será o especialista em curadoria informativa e, essencialmente, promotor da liberdade”.
Por Camila Alvarenga
Perfil da Autora
Eu sou a Camila e estou no 2º semestre de Jornalismo da Faculdade Cásper Líbero. Meu sonho mesmo é ser jornalista de guerra mas, por enquanto, me contento com abastecer quinzenalmente meu blog pessoal com notícias e colunas sobre política e sociedade.