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“Ser jornalista é bom, mas não se fica rico nessa profissão”, alerta Gérson de Souza

Gérson de Souza contou que desde criança tinha o desejo de ser jornalista e que sempre foi apaixonado pelo rádio. Foto: Emílio Coutinho
Gérson de Souza contou que desde criança tinha o desejo de ser jornalista e que sempre foi apaixonado pelo rádio. Foto: Emílio Coutinho

No dia 22 de outubro, o repórter Gérson de Souza ministrou uma palestra para os estudantes de jornalismo das Faculdades Integradas Alcântara Machado (FIAM FAAM). Durante a conversa com o público presente, que lotou o auditório, o profissional contou diversos casos que vivenciou ao longo de sua carreira no jornalismo.

O alvorecer de uma vocação

Desde criança Gérson já sonhava em ser jornalista. Prova disso é o fato de que ainda com pouca idade pegava uma banana, um cabo de vassoura ou qualquer coisa que lembrasse um microfone e ficava treinando como ser repórter.

Outra coisa que fazia, ainda pequeno, era se trancar no banheiro de casa com o jornal Estadão nas mãos e com um lápis preso entre os dentes, lendo em voz alta para treinar a dicção. Ele também lia revistas e jornais em voz alta pois desejava ser locutor de rádio.

Mas esses não foram os únicos traços que já evidenciavam a sua futura carreira. Gérson tinha uma avó contadora de histórias que o maravilhava, além disso, ouvia junto dela vários programas de rádio. “Era o que a gente tinha do mundo externo.”

Seu pai, que foi um trabalhador manual, chegava em casa sempre sujo, empoeirado e todo queimado por causa do sol. Gérson vendo essa situação dizia para si mesmo: ‘Essa vida eu não quero para mim. Eu quero trabalhar em comunicação’. Apesar de ser um sonho distante, não era impossível.

Início de carreira

Antes de iniciar propriamente no jornalismo, Gérson de Souza se tornou técnico em contabilidade e trabalhou em uma grande multinacional, tendo uma posição econômica muito boa. Mas apesar disso, não tirava a ideia de trabalhar em rádio da cabeça.

Resolveu entrar para faculdade, onde cursou Comunicação Social e após passar em um concurso para trabalhar em uma rádio, pediu demissão da multinacional. Surpreso pelo pedido, o seu supervisor lhe ofereceu uma promoção que lhe aumentaria o salário ainda mais. Mesmo assim, Gérson, já decidido, não mudou de ideia e saiu dali para trabalhar onde sempre sonhou: no rádio. “Se eu estivesse na empresa antiga, eu teria muito dinheiro hoje em dia, mas não seria feliz.”

Apesar de ter de enfrentar uma situação econômica muito difícil, Gérson persistiu em seu sonho de criança. “Quase passei fome no rádio, mas não desisti. O rádio é fantástico, apaixonante e sou apaixonado por rádio até hoje!”.

Diante de um auditório repleto de estudantes de jornalismo, Gérson narrou sua trajetória e deu dicas para os iniciantes na profissão. Foto: Emílio Coutinho
Diante de um auditório repleto de estudantes de jornalismo, Gérson narrou sua trajetória e deu dicas para os iniciantes na profissão. Foto: Emílio Coutinho

Do rádio para o impresso, do impresso para a televisão

Tempos depois foi convidado para trabalhar em um jornal impresso, o que achou uma “experiência maravilhosa!”. Em seguida foi contratado para trabalhar como repórter na Rede Globo Oeste Paulista de Televisão. Antes de atuar propriamente na reportagem atuou na edição de texto para aprender a diferença do texto para a televisão. “Eu tinha os vícios do rádio e o texto do jornal impresso, que são formas diferentes de comunicação.”

Três anos depois foi para o SBT onde participou no Aqui e Agora. “Ali vi possibilidades de fazer grandes reportagens. Gostei daquilo, do improviso, sem estar encouraçado por um sistema de televisão.”

Quando o programa terminou foi para a Band, onde participou do Documento Especial, que produzia documentários em sua essência, pois o repórter não aparecia, nem sequer a sua voz, pois o programa todo era narrado pelo apresentador. “Lá aprendi como arrancar as falas que eu queria dos entrevistados sem interferir na fala, o que facilita a edição da reportagem.”

De volta para o SBT, trabalhou no SBT Repórter, e foi ali que começaram as suas grandes viagens internacionais, que duram até hoje. Na Record trabalhou no Cidade Alerta, no Repórter Record e por fim chegou ao Domingo Espetacular, onde está atualmente.

Gérson de Souza: Um repórter em extinção

Ao longo da sua palestra, citou diversas vezes o livro que narra sua carreira e que foi escrito pelo jornalista André Guimarães, que estava presente no auditório e também conversou com os estudantes de jornalismo.

André contou como surgiu a ideia de escrever a biografia “Gérson de Souza: Um repórter em extinção”, lançado este ano e que lhe serviu como Trabalho de Conclusão de Curso na FAPSP.

Para produzir o livro, André fez mais de 60 entrevistas em diversas cidades do Brasil. A obra contêm também três diários de viagem feitos pelo repórter Gérson de Souza durante suas reportagens pelo mundo. São eles: Amazônia Perdida, Sudeste da China e Zâmbia na África.

Gérson de Souza ao lado do autor de sua biografia, o jornalista André Guimarães. Foto: Emílio Coutinho
Gérson de Souza ao lado do autor de sua biografia, o jornalista André Guimarães. Foto: Emílio Coutinho

Conselho aos estudantes

Ao final da palestra, os alunos de jornalismo puderam fazer perguntas ao Gérson de Souza, que aproveitou para dar conselhos aos iniciantes na comunicação.

Alertando os presentes, Gérson disse que ser jornalista é bom, mas não se fica rico nessa profissão, a não ser que você se torne dono de um grande veículo de imprensa, e antes de começar a viajar pelo mundo fazendo reportagens o jornalista tem que cobrir muito ‘buraco de rua’ e fazer muito plantão em porta de delegacia.

Gérson contou também que o jornalista constrói a sua credibilidade através do trabalho feito com responsabilidade, seriedade e ética. Apesar de cada um ter uma posição acerca do mundo é necessário sempre ouvir os dois lados e tentar ser imparcial, só assim se constrói uma credibilidade.

Mas o que significa ser imparcial? “Ou você é vermelho ou você é azul, não tem jeito. Mas você tem que tratar ambos, o azul e o vermelho, com a dignidade do repórter e com ética”, explica Gérson.

Um último alerta dado pelo experiente repórter aos estudantes é tratar o entrevistado sempre como alguém importante, nunca se achando superior a ele, seja quem for, e “tratar aquela pessoa de igual para igual, conversar a língua dele, falar o português dele”, concluiu.

Por Emílio Portugal Coutinho

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Emílio Coutinho
Emílio Coutinho
O jornalista, professor universitário e escritor Emílio Coutinho criou a Casa dos Focas em 2012 com o objetivo de oferecer um espaço para o ensino, a reflexão, o debate e divulgação de temas ligados ao jornalismo e à comunicação em geral.
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1 COMENTÁRIO

  1. Sou aluno da FIAM e estou no sexto semestre de jornalismo e confesso gostei do curso principlamente das matérias que estudam a natureza humana como as teorias da comunicação 1 e 2 , confesso que quando entrei na FIAm penasava em ficar milionário e casar com uma top model,rs,rs mas durante o curso amadureci e vi que nao é bem assim ,ou seja parei de brincar de machinho .
    Bom trabalho na riachuelo nas vagas pcd ( pessoas com deficiencia ), estou adorando a faculdade de jornalismo e hoje tenho os pés no chão e amadureci .

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