O calendário é cheio de datas dedicadas aos jornalistas (inclusive já escrevi um texto aqui com todas elas). Creio que seja uma das poucas profissões que seja lembrada tantas vezes ao longo do ano. Hoje é uma dessas ocasiões em que se comemora o dia dos jornalistas.
Em entrevista concedida à Casa dos Focas, Eliane Brum aconselhou a nós jornalistas e focas, a diariamente reservar ao menos um minuto, para recordar sobre o que nos fez optar pelo jornalismo. Apresento aqui uma breve reflexão sobre o que me fez escolher o jornalismo e a quantas anda a nossa profissão nos dias atuais.
No meu caso, como no de vários que conheci, o que me atraiu no jornalismo não foi o pseudo-glamour existente na profissão, e muito menos o salário (acredite, são pouquíssimos os que enriquecem financeiramente com o jornalismo). O que me atraiu no jornalismo foi a oportunidade que tenho de conhecer pessoas e descobrir suas histórias.
Todo ser humano, por mais ínfimo que possa parecer tem uma história para contar. E é em busca desses relatos que devemos ir. A prática do bom jornalismo está em saber ouvir com os próprios ouvidos, ver com os próprios olhos, sujar a sola dos sapatos em busca de uma grande história.
Mas infelizmente, na era dos smartphones e das redes sociais é cada vez mais difícil olhar para o próximo e ouvir o que ele tem a nos dizer. Com a chegada da internet e o enxugamento das redações, há o risco de que tudo isso fique como uma mera recordação de um passado áureo.
Mas não podemos culpar as evoluções tecnológicas, afinal elas vieram para nos ajudar e contam com inúmeros pontos positivos a seu favor. A precarização do trabalho jornalístico, assim como os respectivos passaralhos (demissões em massa) que de tempos em tempos assombram as grandes redações, essas sim têm contribuído para um jornalismo cada vez mais distante do leitor.
A crescente violência contra jornalistas, profissionais que na maioria das vezes estão apenas levando a informação ao seu público, têm sido uma forma de tolher a liberdade de imprensa e de expressão. Manifestantes, sentindo-se traídos pelos principais meios de comunicação, acabam por agredir os jornalistas, meros operários, e expulsá-los de seu meio pensando que assim estão agindo com democracia.
É claro que a imprensa errou inúmeras vezes, e continua errando, mas não podemos condenar toda classe jornalística por isso. Um mundo sem jornalistas seria ótimo para os corruptos, não para a sociedade. Quando bem praticado, o jornalismo presta um fundamental e importante serviço para a população de uma cidade, estado ou país.
Devemos lutar com todas as nossas forças para deixar acesa dentro de nós a chama do verdadeiro jornalismo, aquele que nos atraiu e que nos fez frequentar os bancos de uma faculdade durante quatro anos de nossas vidas.
Ser jornalista não é apenas ter um diploma, embora defendamos o retorno de sua obrigatoriedade, mas é ser curioso, duvidar sempre de tudo, menos de que o jornalismo permanecerá vivo apesar das adversidades, pois a sociedade sempre necessitará dele.
Por Emílio Portugal Coutinho
Parabéns a todos os profissionais da comunicação que fazem o Jornalismo ser essencial. Parabéns Emílio Coutinho por esta matéria que nos faz refletir sobre a importância que temos na sociedade. Abraços 🙂