Ombudsman, segundo a Wikipédia, significa representante do povo. A palavra originou-se na Suécia em 1809, quando foi criado o cargo de agente parlamentar de justiça com o objetivo de limitar os poderes do rei. Atualmente, o termo é utilizado para designar a figura que exerce a função de elo imparcial entre uma instituição e os seu público ou usuários. Em algumas empresas brasileiras este cargo também pode ser referido pelas palavras “ouvidor” ou “provedor”.
De maneira objetiva, o ombudsman tem por função receber críticas, sugestões e reclamações e mediar os conflitos que surgem entre empresa e público. Ou seja, na imprensa, esta função é a de um representante dos leitores dentro de um jornal, aquele que vai apresentar e debater questões levantadas entre instituição e cidadãos.
O primeiro jornal a criar o posto foi o “The Courier Journal”, da cidade de Louisville, no estado de Kentucky – EUA. Já no Brasil, o cargo foi inaugurado em 24 de setembro de 1989 pela “Folha de São Paulo”, motivada pelo sucesso obtido pelo espanhol “El País” e o norte-americano “The Washington Post” e assim passando a publicar semanalmente a coluna de seu primeiro ombudsman, Caio Túlio Costa.
Apesar do ombudsman ter chegado com esta denominação apenas no final dos anos 80 no Brasil, a atividade de analisar de forma crítica a própria imprensa já havia sido exercida anteriormente em um caderno dominical intitulado “Jornal dos Jornais”, publicado pela própria Folha de julho de 1975 a setembro de 1977 e assinado por Alberto Dines. No lançamento do caderno, Dines apresentou a proposta da coluna: “Cabe à imprensa provar em sua própria carne que abrir-se à critica não é prova de vulnerabilidade, mas de amadurecimento. O que prejudica é o silêncio”. Eternas palavras.
Segundo o site da Folha de São Paulo o ombudsman deve ser “um profissional dedicado a receber, investigar e encaminhar as queixas dos leitores; realizar a crítica interna do jornal e, uma vez por semana, aos domingos, produzir uma coluna de comentários críticos sobre os meios de comunicação – na qual a Folha deveria ser um dos alvos privilegiados”.
Com o intuito de dar a maior liberdade possível ao profissional que for exercer a função, o jornal brasileiro instituiu o mandato de um ano para cada ombudsman, com a possibilidade de duas renovações (completando no máximo três anos de mandato). Durante esse período, o ombudsman não pode ser demitido e após deixar a função poderá permanecer durante mais seis meses no jornal.
Em uma palestra ministrada em janeiro de 2010 na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), durante a 9ª Semana de Jornalismo, a atual ombudsman da Folha de São Paulo, Suzana Singer, explicou um pouco sobre como é exercer o cargo, que começa com a obrigação da leitura diária do jornal e seus concorrentes. Depois disso, ela atende alguns leitores e produz um relatório contendo os erros encontrados no jornal. “Entre os maiores erros publicados pela redação estão os títulos mal feitos, leads criativos demais, preconceitos que o repórter deixa transparecer ou a falta de informação. Isso tudo é discutido pela redação posteriormente”. Questionada sobre a liberdade que tem para fazer críticas ao jornal, Suzana afirma: “Nunca fui censurada ou pressionada enquanto avaliava o jornal, mas, confesso que é uma situação ruim ter que criticar seus próprios colegas. E, apesar de minha total liberdade, não tenho nenhum poder”. Suzana Singer é a décima profissional a ocupar o cargo de ombudsman na Folha.
Por Emílio Portugal Coutinho.